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Proposta dá vida nova ao Centro de SP
José Afonso Primo
Colunista do Diário
27/05/2000 | 18:27
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A campanha eleitoral deste ano para a Prefeitura de Sao Paulo reativou a proposta de transferência da sede do governo do Estado do bairro nobre do Morumbi, onde se localiza o Palácio dos Bandeirantes, para o Centro da cidade. Estudos nesse sentido sao feitos pela Secretaria do Governo e Gestao Estratégica desde o primeiro mandato do governador Mário Covas e retornaram agora com maior força, até para fortalecer o discurso do pré-candidato do PSDB a prefeito da capital, Geraldo Alckmin, que defende a reorganizaçao e a revitalizaçao da área central.

Alguns prédios já estao sendo apontados como locais que poderiam acomodar o gabinete do governador e seus órgaos auxiliares. Neide Hahn - assessora técnica do secretário de Gestao Estratégica, Antônio Angarita, e responsável pelos estudos sobre o assunto - diz que a transferência da sede do governo nao é objeto de preocupaçao de Covas no momento, mas está inserida num conjunto de idéias em gestaçao na secretaria. Ressaltou, no entanto, que a campanha eleitoral para a Prefeitura deu novo fôlego à proposta.

"Dentro desse processo geral de mudança e de fortalecimento da capital - afirma Neide Hahn - nós temos também uma campanha para a Prefeitura. E, do ponto de vista do nosso partido, com certeza a questao de revitalizaçao do centro da cidade é primordial". Segundo ela, isso bate com a açao que o pré-candidato do PSDB, vice-governador Geraldo Alckmin, conduz na direçao de cuidar de Sao Paulo. "E cuidar do centro é uma vitrine, porque o centro sintetiza muitas políticas públicas, e especialmente devolve para o cidadao a cidade que ele merece", diz.

A proposta foi apresentada ao governador Mário Covas, na primeira campanha, por um escritório de arquitetura que fez um estudo detalhado sobre o aproveitamento do prédio do Banespa, o Edifício Matarazzo, no viaduto do Chá. Na época, o imóvel ainda pertencia ao Estado e fazia parte da dívida do governo paulista, que estava sendo negociada com a Uniao. Em 1995, Covas pediu ao secretário Antônio Angarita que fizesse um estudo das vantagens e desvantagens de mudar para o Centro da cidade, de liberar o Palácio dos Bandeirantes e de aproveitar o prédio que ainda pertencia ao Banespa. Mas chegou à conclusao de que nao era a hora, porque estava voltado para resolver as questoes da dívida do Estado, e o pouco dinheiro que sobrava era para investimento prioritário em infra-estrutura, saúde e educaçao.

A discussao foi retomada no segundo mandato, porque a mudança da sede sempre volta dentro da questao da revitalizaçao do Centro. É um projeto que envolve 15 secretarias de Estado e tem como título Revitalizar Sao Paulo, que significa integrar a área central por trilhos - metrô e trem - com os 39 municípios da regiao metropolitana, até assegurar condiçoes de turismo de negócios na cidade. Segundo Neide Hahn, isso é um "imperativo até de desenvolvimento do Estado, porque Sao Paulo tem uma vocaçao pronunciada para serviços, e o Centro é o grande chamariz para isso".

O secretário Antônio Angarita recebeu três propostas de mudança e entende que duas delas "sao bem consistentes". A primeira se refere ao Matarazzo, e ele lembra uma curiosidade em relaçao a esse prédio: o arquiteto Marcelo Piacentinni, que projetou o Palácio dos Bandeirantes e o prédio do Banespa, a pedido do Conde Matarazzo, foi o mesmo que fez o projeto da Roma Nova, entre o aeroporto e o centro histórico, na Itália de Mussolini. Era uma tentativa de tornar mais funcionais e práticas as relaçoes do poder público com a populaçao. "Por sorte nao deu certo. Encerrada a aventura de Mussolini, a Roma Nova ficou apenas como um monumento do fascismo," comenta Angarita.

O Edifício Matarazzo chegou a receber a visita de Angarita, que foi examinar o prédio, de onde saiu animado com as acomodaçoes. Este foi o comentário do secretário de Gestao Estratégica: "O prédio tem uma área útil que reproduz com vantagens a do Palácio dos Bandeirantes. Eu nao diria que é maior, mas é mais funcional para alojar o gabinete do governador, a Casa Civil, o vice-governador, a Assessoria de Comunicaçao e provavelmente Orçamento e Economia, ou seja, o conjunto do Palácio. Aquele prédio engana. É maior do que parece. Ele tem o rés que dá apara o Viaduto e mais quatro ou cinco andares abaixo, dando para o Vale do Anhangabaú."

A segunda proposta é o prédio do antigo Colégio Caetano de Campos, na praça da República, onde está hoje a Secretaria Estadual da Educaçao, mas foi considerado pequeno, apesar da grande fachada que ostenta. E a terceira opçao analisada foi o antigo Palácio dos Campos Elíseos, que foi sede do governo até 1966, quando houve a mudança para o Palácio dos Bandeirantes, e agora acomoda a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado. Também é pequeno, apesar da pompa, e pode no máximo voltar a ser a residência do governador.




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