A Via, companhia de capital aberto responsável pelas varejistas Casas Bahia e Ponto Frio e pelo e-commerce do Extra, iniciou a transferência de funcionários do administrativo de São Caetano para a Capital. Dos cerca de 4.000 colaboradores do setor, 800 já trabalham em escritório em Pinheiros, 1.100 continuam em São Caetano – realocados no prédio da TI (Tecnologia da Informação) – e 2.000 ainda se mantêm em home office.

O Diário confirmou a informação com funcionários de comércios do entorno e da própria Casas Bahia. O prédio que fica no Centro de São Caetano está sendo desocupado, mas a loja ainda funciona no térreo.

A mudança não significa, por ora, a transferência para São Paulo da sede da companhia, que iniciou a rede Casas Bahia em São Caetano, onde abriu sua primeira unidade em 1957. No entanto, o movimento indica que é questão de tempo para a empresa levar à Capital sua sede administrativa.

A nova unidade administrativa tem 8.000 m², distribuídos em quatro andares, no Eldorado Business Tower, localizado no bairro Pinheiros, na Capital, inaugurado em junho.

De acordo com a Via, a mudança faz parte de um plano estratégico da companhia, de torná-la uma plataforma aberta e sem barreiras, já que os funcionários têm a opção de escolher entre a Capital, São Caetano ou o trabalho remoto. Juntos, os dois espaços operacionais somarão mais de 18 mil m² de área de trabalho.

Na época da inauguração dos novos escritórios, o CEO da Via, Roberto Fulcherberguer, afirmou que o espaço retrata a nova fase da companhia. “Além de estarmos mais próximos dos centros comerciais de São Paulo, o novo escritório traz proposta mais integrativa, inovadora e com ambientes de convivência inspiradores para os colaboradores”.

A empresa vem adotando importantes mudanças e reestruturações. No fim de abril, a Via anunciou sua nova marca, tirando o ‘Varejo’ do nome. O logo da companhia também teve mudança de cores (de verde e amarelo para tons de azul), em posicionamento que simboliza o caminho a ser seguido no futuro.

A empresa também rejuvenesceu a marca Casas Bahia, trazendo a tradicional mascote Baianinho em versão mais jovem, e reposicionou a marca Pontofrio, que passou a ser Ponto. Toda a plataforma de marketplace (empresas que passaram a vender no site de empresas do grupo, que faz a entrega) passou por mudanças, acelerando a entrada de novos lojistas diariamente.

A companhia também não esconde que tem como objetivo ampliar a atuação além do varejo. Neste ano, adquiriu a fintech (startup que otimiza o sistema financeiro) Celer e em 2020 adquiriu a Asap Log, especializada em logística.

A Prefeitura de São Caetano reiterou que a empresa continua com a sede na cidade, conforme garantido na visita do diretor de comunicação corporativa e relações institucionais da Via, Hélio Muniz, ao prefeito Tite Campanella (Cidadania), no fim de maio.

A Via é uma das quatro empresas de capital aberto sediadas no Grande ABC, junto com a CVC Corp, localizada em Santo André, e a Bombril e Tegma Gestão Logística, ambas em São Bernardo.

Primeira loja foi aberta em S.Caetano

O prédio de São Caetano, localizado na Rua Samuel Klein, homenagem ao fundador da Casas Bahia, é conhecido como loja matriz, porque no térreo tem grande unidade comercial. O edifício abrigou, durante anos, o setor de administração da Via, que agora será deslocada entre o prédio de TI (Tecnologia da Informação) da companhia, na mesma rua, e o escritório de Pinheiros, na Capital.

Ontem, a loja passava por algumas adequações no mostruário de móveis, realizada por funcionários. A unidade deve permanecer funcionando no local.

A história da Casas Bahia tem início em 1952, quando Samuel Klein (morto em 2014) começa a vender roupa de cama, mesa e banho de porta em porta. Em 1957, ele abre a primeira loja, em São Caetano, na Avenida Conde Francisco Matarazzo. A rede logo virou uma gigante do varejo por popularizar a venda por meio de crediário.

Em 2009, a Casas Bahia foi vendida para o Grupo Pão de Açúcar. A criação da Via Varejo ocorre no próximo ano, com a junção das Casas Bahia e Ponto Frio. Atualmente, a companhia, tem 46 mil colaboradores e está presente em mais de 450 cidades brasileiras.

No fim de 2020, um escândalo com acusações de exploração sexual atingiu a família Klein. O patriarca Samuel e o filho Saul são acusados de exploração e abuso de jovens menores de idade.