Menos de uma semana após deixar o grupo governista e se filiar ao PTB, o vice-prefeito de São Bernardo, José Roberto de Mello, começa a sentir na pele a mudança de lado. “Já estou sofrendo retaliação”, diz.

Na sexta-feira – dia seguinte ao ato de filiação – Mello percebeu que a linha telefônica de seu gabinete deixou de funcionar. “Os aparelhos ficaram mudos. Nada mais funciona. Agora estou usando meu próprio celular.”

Na terça-feira, outra surpresa desagradável: “Logo pela manhã, meu motorista me ligou e disse que não poderia mais me buscar por ordem superior. Tiraram meu veículo oficial sem dar satisfações.” Há cerca de dez dias, Mello já tinha trocado de carro, após ter sido roubado. Na ocasião, a Prefeitura ofereceu à ele um Santana, que ele vinha usando. Agora, passou a ficar a pé.

Mello confirma que a administração municipal demitiu 12 pessoas ligadas a ele. A maioria atuava na Secretaria de Habitação, Pasta comandada pelo pré-candidato do grupo governista a prefeito, Ademir Silvestre (PSB). “As pessoas foram exoneradas por telefone. Com certeza isso ocorreu porque mudei de grupo.”

O petebista – que também é pré-candidato a prefeito no ano que vem – diz que agiria diferente do atual chefe do Executivo, William Dib (PSB). “Não vou brigar porque acho que não vale a pena. Mas eu não faria desta forma. Eu teria coragem de conversar pessoalmente antes de tomar essas atitudes”, diz o vice-prefeito. “Ele deve ter outras pessoas para colocar na Prefeitura.”

A insatisfação de Mello com William Dib se tornou pública no dia 17 de junho, quando declarou ao Diário que não tinha espaço no governo. Na época, se lançou como pré-candidato a prefeito. Logo depois, começaram os rumores de que ele poderia deixar a base governista e se aliar ao grupo próximo ao ministro da Previdência, Luiz Marinho (PT), também pré-candidato a prefeito.

No último dia 16, Mello e o ex-prefeito Tito Costa assinaram a ficha de filiação do PTB, em evento que lotou a Câmara Municipal de São Bernardo.