O Grande ABC viu a recuperação do setor industrial nos últimos anos, mas ainda precisa desenvolver estratégias para ter uma economia competitiva, em ações integradas entre o poder público local, empresas e entidades de trabalhadores. A visão é compartilhada pelo empresário e coordenador da 8ª macrorregião do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) - que congrega as sete cidades da região e municípios da Baixada Santista e Vale do Paraíba -, Mauro Miaguti, e pelo economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas) Jefferson José da Conceição.

Em entrevista ao Diário, Miaguti cita, por exemplo, que haverá avanços em termos de infra-estrutura logística com a conclusão das obras do Trecho Sul do Rodoanel, em 2010, mas é preciso "política industrial regional" para enfrentar novos desafios que surgirão. "Da mesma forma como a empresa terá mais facilidade para escoar sua produção, ficará fácil se colocar em Itapecerica da Serra e usar o Rodoanel", disse.

O dirigente também questiona o papel atual das entidades regionais, como a Câmara Regional de Desenvolvimento e a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, que serviriam mais como um fórum de discussões do que local de realizações, embora defenda a manutenção dessas instituições. "Faltam ações práticas. Seria importante que essas entidades tivessem planejamento, com datas para execução das ações", acrescenta.

Por sua vez, o economista Jefferson José da Conceição, que recentemente lançou o livro ‘Quando o apito da fábrica silencia' sobre a reestruturação do Grande ABC na década de 1990, aponta o papel de liderança dos sindicatos na modernização das empresas e destaca que o sindicalismo poderia ser melhor aproveitado na região pelo seu poder de negociação.

Conceição também aposta em ações integradas. "Há uma via positiva, em que as partes se somam em busca de soluções, e é nessa via que a região deve apostar", diz.