Economia Titulo Fábricas chegaram a parar
Falta de componentes faz produção de veículos estagnar

Anfavea afirma que há demanda para fabricação crescer; maio teve alta de apenas 1%

Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
08/06/2021 | 13:33
Compartilhar notícia
Divulgação


Em maio, a produção de veículos no País cresceu 1% em comparação a abril. O percentual indica estabilidade, já que desde janeiro são fabricadas entre 190 mil e 200 mil unidades – foram 192.843 no último mês. Segundo a Anafavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), que divulgou os resultados mensais nesta terça-feira (8), há demanda suficiente para que o volume aumente, porém, a falta de componentes eletrônicos está prejudicando as atividades da indústria automotiva.

“Esse problema, que deve se alongar até os primeiros meses de 2022, é o responsável pelas paralisações temporárias de parte de nossas fábricas, algumas por períodos curtos, outras mais longos”, afirmou Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade. Ele explicou que a falta de semicondutores elétricos atinge diversos setores industriais, porém, o automotivo é um dos mais prejudicados, uma vez que um veículo pode ter até 600 semicondutores em seus sistemas eletrônicos de motorização, câmbio, segurança, entre outros.

Vale lembrar que falta de componentes afeta as montadoras instaladas no Grande ABC. A GM (General Motors), em São Caetano, irá suspender a produção entre 21 de junho e 2 de agosto. A Volkswagen, por sua vez, estuda a paralisação da fábrica de São Bernardo por 30 dias – as unidades de Taubaté (Interior) e São José dos Pinhais (Paraná), paradas desde ontem, ficarão sem produzir por pelo menos dez dias. As demais empresas do setor na região – Mercedes, Scania e Toyota – admitem dificuldade na aquisição de insumos, mas descartam paralisação por ora.

Haja vista que os semicondutores são, em sua maioria, produzidos na Ásia, Moraes chama a atenção para a necessidade de políticas industrias para incentivar a produção de componentes eletrônicos, essenciais para tecnologia 5G, processos de automação e internet das coisas, em solo brasileiro. “Já estamos atrasados, o que exige urgência e grande visão de futuro por parte dos nossos dirigentes”, acrescentou.

Jefferson José da Conceição, coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano), assinalou que a pandemia afetou não apenas a relação com outros países, mas também o cenário interno. “No caso do Brasil, a velocidade da vacinação tem sido muito baixa. Isto, aliado ao alto desemprego e à ausência de políticas sociais de proteção, se traduz, concretamente, em uma política de abre e fecha dos negócios, impedindo um planejamento adequado da oferta e da demanda”, detalhou.
 

NO MÊS

Comparando a abril, o crescimento na produção de caminhões foi a mais expressiva. Saíram das fábricas 13.908 unidades ante 13.093, representando aumento de 6,2%. Embora nos meses anteriores a categoria tenha crescido com foco na exportação, modalidade que diminuiu 4,8% em maio, a possibilidade é a de que o próprio mercado interno está demandando os veículos. Para se ter ideia, o licenciamento teve alta de 17,5% no período, com destaque para o caminhões semileves (29%), conforme dados da Anfavea.

Sandro Maskio, coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista, destacou que o acréscimo nas vendas de caminhões no mercado interno pode indicar reaquecimento da economia, pois significa que a demanda por transporte de mercadorias está maior. “Estamos caminhando melhor se comparar ao ano passado, que foi de retração. Não acho que vamos voar como o (Paulo) Guedes (Ministro da Economia) acredita, mas podemos voltar a um nível de atividade econômica próximo ao de 2019”, avaliou.

A produção de veículos leves, categoria que inclui automóveis de passeio e comerciais leves, teve crescimento tímido de 0,8% em maio – 177.281 unidades saíram das fábricas em comparação a 175.942 no mês anterior. Além do crescimento de 7% nas vendas internas, também houve ampliação de 9,9% na exportação. Do total fabricado, 34.792 (19,6%) veículos foram para o Exterior.

Já a produção de ônibus amargou queda de 11,6% no mês, passando de 1.872 para 1.654 unidades. Principal fator é a diminuição dos veículos dedicados ao transporte urbano, cuja queda foi de 13,6%. Isso porque, com a pandemia, o número de passageiros diminuiu, demandando menos veículos em circulação. Por sua vez, os ônibus dedicados às viagens rodoviárias tiveram ampliação tímida, de 0,4%, equivalente a apenas uma unidade. Praticamente um quarto de toda fabricação foi destinada à exportação.

NO ANO

Nos primeiros cinco meses de 2021, 981.523 veículos saíram das fábricas brasileiras, acréscimo de 55,6% em relação ao mesmo período do ano passado, sendo a maior alta entre os caminhões (106%), seguidos pelos comerciais leves (53,6%) e ônibus (14,7%). O resultado é positivo, contudo, a base de comparação é fraca, dado que em março de 2021 as restrições impostas para prevenir a propagação do coronavírus fizeram com que a economia parasse. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;