Política Titulo Perseguidos pela ditadura
Reparação a ex-operários na Volks prossegue

Em 2020, montadora aceitou pagar R$ 40 mi em indenizações por contribuir com o regime militar

Por Junior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
31/05/2021 | 07:07
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Banco de Dados/DGABC


O processo de reparação histórica por parte da Volkswagen em decorrência da contribuição a violações aos direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985) ainda não foi concluído. O Diário apurou que ex-operários da planta da montadora em São Bernardo têm sido habilitados para receber indenizações.

Em setembro de 2020, após longa negociação e sob pressão do Poder Judiciário, a Volks aceitou pagar R$ 40 milhões para iniciativas de promoção dos direitos humanos e destinado a indenizações individuais a ex-metalúrgicos. O montante foi definido após cinco anos de investigação conduzida pelo MPF (Ministério Público Federal), que constatou a anuência e até colaboração da planta da multinacional no Grande ABC com o regime militar. O TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) foi acordado para evitar que a empresa respondesse judicialmente pelos atos cometidos naquela época, como perseguições, prisões políticas e até tortura. Esse processo também conta com a participação do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) e do MPT (Ministério Público do Trabalho).

Recentemente, subsecções da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) da região publicaram editais de chamamento e habilitação dos ex-operários que teriam direito à indenização individual. Como alguns deles já morreram, o direito é destinado às famílias. Um desses casos é o de Lucio Antonio Bellentani, que foi preso no anos de 1970 pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social) dentro do chão de fábrica da Volks. Lá, foi torturado na frente dos funcionários da alta cúpula da empresa. Ele ficou preso por mais de um ano e morreu em 2019 à espera de reparação.

Ao Diário, o MPT informou que esse processo de habilitação dos ex-trabalhadores da Volks tem sido conduzidos pela Associação Heinrich Plagge, que representa as vítimas. “A associação dos trabalhadores da Volks publicou um edital de chamamento e contratará um árbitro para decidir as habilitações. Todo esse processo está sendo feito pela associação e o MPT apenas acompanha e fiscaliza.” 




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