Desde o início da pandemia até março, faixa etária respondia por 3,7% dos óbitos, mas representatividade saltou para 7,8% em abril
Ao contrário do que ocorria no início da pandemia, a Covid tem se mostrado mais letal entre os jovens. De acordo com dados da Arpen (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais) publicados no Portal da Transparência do Registro Civil, disparou o número de mortes entre pessoas de 20 a 39 anos. Em abril, foram 111 perdas nesta faixa etária, o que representa 7,81% dos 1.420 falecimentos registrados no mês. O percentual é 106% superior, ou seja, mais do que o dobro da média computada durante toda a pandemia. De março de 2020 a março de 2021, a representatividade deste grupo foi de 3,79% no total de mortes.
Os números da Arpen levam em consideração os atestados de óbitos. Assim, entram no registro qualquer menção a Covid ou ao novo coronavírus como causa da morte, inclusive os casos suspeitos da doença, que posteriormente são investigados pelas prefeituras antes da divulgação oficial dos boletins epidemiológicos.
Somados, março e abril registraram 216 mortes entre pessoas de 20 a 39 anos. O número é superior ao acumulado de março do ano passado até fevereiro desde ano, quando foram computadas 212 perdas nesta faixa etária.
A letalidade é ainda maior no grupo entre jovens de 20 a 29 anos. Foram 26 mortes nesta faixa etária em abril, o que representa 1,83% das mortes por Covid no mês. A média durante toda a pandemia é de 0,76%, ou seja, alta de 140%.
De acordo com Claudia Maruyama, infectologista do Hospital San Gennaro, a mutação do novo coronavírus explica essa letalidade maior entre os grupos mais jovens. “Vimos no começo deste ano uma mudança neste perfil epidemiológico. As variantes, a P1 (originária) de Manaus tem poder mais agressivo entre os jovens e tivemos essas altas taxas, tanto de infecção como de mortalidade”, comentou a especialista.
Entre as cidades do Grande ABC, Diadema foi a que registrou o maior aumento percentual de óbitos na faixa etária. De acordo com a Arpen, foram 13 mortes entre pessoas de 20 a 39 anos em abril, o que equivale a 10,2% dos 127 falecimentos computados no mês. A média, de março do ano passado até março deste ano é de 3% de representatividade, ou seja, o aumento foi de 234%. Em números absolutos, foram 13 óbitos registrados em abril, enquanto que a média, desde o início da pandemia até março, é inferior a dois.
De uma forma geral, a faixa etária com o maior número de mortes desde o início da pandemia continua sendo a de pessoas entre 70 e 79 anos, com 2.206 óbitos até abril, na sequência aparecem as vítimas fatais que tinham entre 60 a 69 anos, faixa etária na qual 2.186 idosos perderam a batalha para o vírus – confira a letalidade de cada grupo na arte ao lado. A morte entre os mais velhos, porém, está caindo em razão do avanço da campanha de vacinação.
Cai 41% óbitos de idosos acima de 70 anos
A campanha de vacinação contra a Covid, que começou no dia 19 de janeiro no Grande ABC, derrubou o número de mortes em razão da doença entre os pacientes mais velhos. Dados levantados pela Arpen (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais) e publicados no Portal da Transparência do Registro Civil mostram que recuou em 41,5% os óbitos de pessoas com 70 anos ou mais na comparação entre março e abril. Foram 795 perdas no terceiro mês do ano nesta faixa etária, contra 465 em abril.
A queda mais acentuada foi registrada entre idosos de 80 a 89. Em março foram 275 falecimentos nesta faixa etária, contra 110 em abril, queda de 60%. Entre pessoas com 90 a 99 anos, o recuo foi de 30,7%, passando de 46 baixas no terceiro mês do ano para 28 em abril. Por fim, entre pacientes de 70 a 79, a queda foi de 30,7%, de 471 para 326.
Claudia Maruyama, infectologista do Hospital San Gennaro justifica a queda expressiva com o avanço na campanha de vacinação. “Os idosos, além de não ter tanta predileção da variante P1, de Manaus, tem a vacinação. Como a campanha começou pelos mais velhos no Brasil, ocasionou uma diminuição dessa mortalidade entre este faixa etária”, confirmou a especialista.
Importante ressaltar que em março os idosos com 70 anos ou mais já deveriam estar totalmente protegidos contra a Covid, com as duas doses da vacina aplicada, com exceção daqueles que foram imunizados com o fármaco produzido pela Fiocruz em parceira com Universidade de Oxford e com o laboratório Astrazeneca, que requer espaçamento de três meses entre as doses.
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