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Atica Cultural passa por reforma
Do Diário do Grande ABC
07/04/1999 | 14:47
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Em três meses, os clientes do Atica Shopping Cultural terao uma boa surpresa, prometem seus administradores. A livraria está em plena reforma para adequar-se aos padroes da Fnac, empresa francesa líder em venda de serviços culturais na Europa, que adquiriu as lojas da Atica em meados do ano passado. Para adaptar o prédio sem ter de fechar as portas foi necessário reduzir o ritmo das atividades, reformando um andar por vez. O terceiro pavimento do prédio da Avenida Pedroso de Moraes já passou por trabalhos e atualmente o segundo andar está interditado ao público.

"Neste ritmo, conseguiremos reformar um andar por mês e inaugurar a primeira Fnac da América Latina na segunda semana de junho", comemora Pierre Courty, diretor do grupo no país. "Queremos deixar ao paulistano a surpresa de descobrir a nova loja, mas posso adiantar que mudaremos tudo, os móveis, a iluminaçao; do teto ao carpete", diz o administrador, que chegou ao país em julho para concretizar a compra das lojas do grupo Atica (três endereços na cidade) e conduzir sua adaptaçao ao modelo da matriz. Até a fachada da loja na Avenida Pedroso de Moraes sofrerá alteraçoes. "Vai ser complicado, mas vamos tentar perturbar o menos possível nossos clientes atuais", diz Courty.

Segundo ele, o público brasileiro está completamente preparado para o sistema considerado um dos mais bem sucedidos no seu setor. A primeira novidade para o público é o fato de que a Fnac nao é apenas uma livraria ou loja de discos. Esses dois segmentos correspondem a pouco menos de 50% do faturamento geral do grupo na Europa. Ela também vende equipamentos técnicos como câmaras de fotografia e vídeo, computadores e softwares e também presta uma série de serviços ao cliente, como vendas de ingressos ou agenciamento de viagens de turismo.

Como a primeira Fnac brasileira oferecerá o mesmo que as européias (existem 49 lojas na França e outras 10 no resto do continente), nao sobrará muito espaço no prédio de 7 mil metros quadrados comprado da Atica. "Ele é no tamanho exato", diz Courty. Daí a dificuldade de a empresa francesa de encontrar novos pontos de expansao no país.

"Nosso plano é criar duas a três novas unidades por ano mas para isso precisamos encontrar espaços interessantes", diz o diretor. Em 1999 serao reformados os três locais já adquiridos mas existem negociaçoes em vista para uma expansao mais agressiva em termos geográficos. O próximo mercado no alvo da Fnac é o carioca, mas nao há nenhuma negociaçao concluída. Courty também cita o nome de outras cidades consideradas interessantes pelo grupo, como Porto Alegre, Campinas, Curitiba e Brasília.

"O problema é que nao podemos chegar num shopping e simplesmente encomendar 5 mil metros quadrados, como se eles tivessem uma área desse porte à disposiçao", brinca.

A crise nao parece ter assustado muito os novos investidores. "Fizemos uma série de estudos de mercado e de marketing antes de realizar o investimento", diz Courty, sem mencionar no entanto as cifras envolvidas no projeto. "Trata-se de um mercado em construçao e estamos persuadidos que podemos ser atores desse processo, atuar como precursores, estimulando o surgimento de novas produçoes, marcas independentes e iniciativas inéditas", conclui o diretor.

É possível que com o tempo as Fnacs locais se tornem mais maleáveis, adquirindo um ar mais brasileiro. Mas por enquanto ela seguirá a risca o modelo da matriz e procurará integrar-se ao máximo às estratégias do grupo. Courty conta que já foi procurado pelos gestores da Fnac portuguesa, interessados em saber se a filial portuguesa poderia fornecer-lhes música brasileira, algo ainda difícil de se encontrar no mercado europeu, apesar do forte crescimento do setor. Em contrapartida, os brasileiros podem beneficiar-se com ediçoes de livros portugueses.

No caso da literatura, a ponte com a Europa é um pouco mais complicada, pois é necessário que as editoras se interessem em traduzir as obras. Mas, segundo Courty, o fato de haver uma Fnac Brasil faz com que alguns editores demonstrem maior interesse. "Serviremos um pouco como descobridores", conta ele afirmando que o sucesso de autores como Paulo Coelho e, mais recentemente, José Saramago, fez os editores começarem a descobrir que acontecia alguma coisa no domínio do livro no Brasil e nos países de língua portuguesa.




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