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Funcionários do TJ confessam que pagaram para passar em concurso
Estadão Conteúdo
24/05/2005 | 23:37
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Pedir empréstimo no banco, dar o carro zero quilômetro ou usar o dinheiro da poupança foram formas encontradas por pessoas da classe média de Brasília para pagar uma quadrilha especializada em garantir aprovações em concursos públicos. Ao todo, 14 funcionários do Tribunal de Justiça do Distrito Federal contaram nesta terça à Polícia Civil ter pago até R$ 40 mil pelo emprego no serviço público, com salários de R$ 2,2 mil, no caso de técnicos, e R$ 5,8 mil, oficiais de Justiça.

O concurso do tribunal, feito em 2003, não é a única seleção que está sendo investigada. Há indícios de que os fraudadores atuaram em 12 concursos nos últimos seis anos em diversos Estados do país.

"Os beneficiários do esquema em Brasília eram estudantes de classe média recrutados em cursinhos ou por uma rede de informações", disse o chefe da Polícia Civil do Distrito Federal, Laerte Rodrigues de Bessa. A quadrilha, que contava com oficiais das polícias Civil e Militar, professores e um funcionário do Cespe (Centro de Seleção e Promoção de Eventos), da Universidade de Brasília, repassava com antecedência gabaritos de provas ou incluía nomes dos candidatos nas listas de aprovados, segundo o delegado Celso Ferro, que investiga o caso. As pessoas deram um cheque pré-datado de R$ 20 mil e, após aprovação no concurso do Tribunal de Justiça, deram o restante do dinheiro.

Um candidato chegou a pagar uma quantia a Hélio Ortiz, acusado de ser o chefe do esquema, ao ser informado três dias antes do concurso do tema da redação. Ele, no entanto, teve mau desempenho na prova e foi reprovado. Ortiz não aceitou devolver o dinheiro. "Fiz minha parte, não tenho culpa se você é burro", argumentou, segundo diálogo registrado pela polícia.

Um técnico judiciário do Tribunal de Justiça, preso pela polícia, contou em depoimento que repassou para Ortiz um Gol de cor vermelha, modelo 2003, quando passou no concurso. Na ocasião, o técnico não tinha dinheiro para pagar a ação dos fraudadores. O nome do beneficiário não foi revelado pela polícia.




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