Economia Titulo Na contramão da crise
Lançamento de imóveis cresceu 74% no Grande ABC

Primeiro trimestre registrou 426 novos empreendimentos ante 245 no mesmo período de 2020

Por Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
29/04/2021 | 18:21
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Agência Brasil


Mesmo com a pandemia do novo coronavírus, o número de lançamentos residenciais cresceu de janeiro a março deste ano em comparação ao mesmo período de 2020, quando a crise sanitária ainda não assolava o País. Foram 426 novos empreendimentos ante 245 há um ano, alta de 73,9%. Por outro lado, o estoque passou de 1.660 para 914 unidades (-44,9%). A justificativa é que a demanda do mercado imobiliário aumentou, deixando as incorporadoras mais confiantes para lançar imóveis.

As informações são de pesquisa da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), baseada em dados do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo) e da Embraesp (Empresa Brasileira do Estudo de Patrimônios), divulgada nesta quinta-feira. O levantamento considera as cidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá.

Milton Bigucci Junior, presidente da Acigabc, explicou que o cenário entre 2020 e o início deste ano surpreendeu. “A taxa de juros (atualmente em 2,75% ao ano) baixa, com a demanda reprimida e o ‘fique em casa’ ajudaram muito na retomada do setor”, destacou. Ele menciona que houve movimento de quem morava de aluguel e comprou um imóvel, de quem tinha um apartamento de dois dormitórios e se mudou para outro de três quartos, e assim sucessivamente.

Outro movimento observado é a migração de famílias para o Grande ABC. Isso porque o custo-benefício dos imóveis na região é maior do que na Capital e com a popularização do home office, as pessoas passaram a procurar residências maiores, não necessariamente próximas ao trabalho, mas com fácil acesso à cidade de São Paulo. Bigucci Junior exemplifica que um apartamento de 100 m² com três dormitórios pode custar aproximadamente R$ 1,1 milhão na Capital, enquanto na região, é possível adiquirir o mesmo imóvel por R$ 770 mil.

Entre os lançamentos do primeiro trimestre deste ano, 61% está em fase de contrução (era de 45% em 2020), enquanto 24% está na planta (ante 40% no ano passado) e 15% está pronto, mesmo percentual observado há um ano.

POR CIDADE

No decorrer de 2020, o volume de lançamento de imóveis em Santo André ultrapassou São Bernardo, que historicamente, liderava o ranking regional. Os novos empreendimentos andreenses representam 35% de todos os lançamentos do Grande ABC, seguida por São Bernardo (29%), Mauá (19%), Diadema (13%) e São Caetano (4%). Bigucci Junior apontou que o desempenho dos municípios varia conforme a eficiência da legislação e, até mesmo, a celeridade da aprovação de projetos.

TENDÊNCIAS

O dirigente avalia que os dados indicam que a alta no mercado imobiliário é uma tendência para os próximos meses. Os especialistas indicam que a Selic (taxa básica de juros) pode chegar a 5,5% ao ano em 2021, de acordo com o último Boletim Focus. Mesmo assim, o cenário é mais favorável do que em 2015, indicou Bigucci Junior. Em contrapartida, o custo do material de construção preocupa. Para se ter ideia, o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) acumula alta de 12,82% nos últimos 12 meses. Assim, o preço dos imóveis pode subir dependendo do estágio em que a construção está.

Em relação às mudanças de preferência do consumidor, o presidente da Acigabc salientou a necessidade de espaço para delivery nos lançamentos, ou seja, área climatizada para acomodar as compras dos moradores. Outra tendência é a implementação de co-working nos condomínios ou de espaço exclusivo para trabalho dentro dos apartamentos. 




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