O Governo britânico ganhou uma votação crucial no Parlamento, nesta segunda-feira à noite, para a introdução obrigatória de documento de identidade.

O Partido Trabalhista do primeiro-ministro Tony Blair brecou uma moção que impediu a emenda que propunha a obtenção de carteira de identidade "em caráter voluntário - não obrigatório -" a partir de 2008 no momento de tirar ou renovar um passaporte.

A Câmara dos Lordes propôs a emenda ao projeto de lei sobre o documento nacional de identidade, um tema que suscitou uma forte oposição dos grupos defensores dos direitos civis, temerosos de que a medida reduzisse liberdades. No final, o Governo obteve 310 votos a favor frente a 259 contra, de modo que o projeto voltará à Câmara Alta, que decidirá se o aprova ou o descarta.

Tony Blair não assistiu à votação, já que teve de permanecer no domingo na África do Sul, onde participou no fim de semana da Cúpula de Governabilidade Progressiva, devido a uma avaria em seu avião.

Apesar de carteira de identidade ser utilizada em muitos países, na Grã-Bretanha ela foi tirada de circulação desde 1952 por ser considerada pouco útil e um gasto suplementar para o contribuinte.

Em Johannesburgo, o chefe do Governo britânico saiu em defesa do seu projeto, reiterando que a "obrigação" de se tirar documentos de identidade é de suma importância para a luta contra a fraude, o terrorismo e o crime organizado.

O ministro das Finanças Gordon Brown, aspirante a substituir o chefe do Executivo, apoiou Blair.

"No fundo, o que está em jogo é o direito de nossa própria identidade para que esteja protegida e que não roubada", frisou Brown para a rede de televisão britânica BBC.

O Governo teve de apresentar emendas já que a lei - aprovada em outubro pela Câmara dos Comuns, apesar da oposição de uma parte dos deputados trabalhistas - foi rejeitada em janeiro pela Câmara dos Lordes, por esmagadora maioria.

O Governo de Blair sustenta que este é o momento adequado para impulsionar documentos obrigatórios de identidade, pois já se pode utilizar neles a mesma tecnologia dos novos passaportes biométricos, o que significaria uma economia para os contribuintes.