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Trabalhador desafia Volkswagen
William Glauber
Do Diário do Grande ABC
22/08/2006 | 22:22
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Após a Volkswagen do Brasil ameaçar o encerramento das atividades da fábrica Anchieta, em São Bernardo, trabalhadores e sindicalistas endureceram nesta terça-feira o discurso e recusaram mais uma vez negociar cortes de empregos e redução de benefícios. Em assembléia, cerca de 10 mil metalúrgicos aprovaram também a retomada das conversas com a direção da montadora na tentativa de reverter demissões e o possível fechamento da unidade.

Embora o sol tenha refletido fortemente nas faces dos trabalhadores, o vento cortante e gelado que se abateu sobre da fábrica parecia anunciar a chegada de maus tempos para os empregados da Volks. Somente até sexta-feira, a empresa espera finalizar a negociação do plano de reestruturação, que contém, entre diversos ajustes, o corte de 3,6 mil postos na Anchieta, do total de 12,4 mil.

A primeira reunião entre sindicalistas e executivos acontece nesta quarta às 10h30. A matriz da companhia em Wolfsburg, na Alemanha, aguarda definição da negociação para decidir na primeira quinzena de setembro investimentos nas filiais. Caso a Anchieta não acate o plano, a unidade será riscada do mapa mundi da multinacional em curto prazo por não atender a critérios de competitividade.

Antes de partir do Grande ABC, a direção da Volks prevê o definhamento da planta. “Sem acordo, a fábrica aponta para a produção de 300 a 400 carros por dia em 2009”, relatou o vice-presidente do Comitê Mundial de Trabalhadores, Wagner Santana, o Wagnão. Atualmente, a unidade tem capacidade para produzir 1,1 mil veículos por dia e monta 940 automóveis. Com a redução, a Volks demitiria mais 2,5 mil empregados e totalizaria 6,1 mil cortes.

Caso não aceite um acordo, a fábrica de São Bernardo ficará limitada, segundo Wagnão, à produção de Kombi e Polo. No entanto, se firmado entendimento, a Volks assegura destinar à Anchieta o excedente de produção do novo veículo a ser montado em Taubaté, conquistado pela unidade do Interior no recente acordo firmado entre metalúrgicos e empresa.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT), José Lopez Feijóo, culpou a montadora pela crise. “Sabemos que, ao longo dos anos, a fábrica cometeu uma série de erros administrativos e investiu em carros que não deram certo no mercado”, criticou. Feijóo reiterou a decisão de rejeitar cortes e perdas de direitos. “Se tivermos que cair, será de pé”, afirmou. O Sindicato marcou plenário para sábado e assembléia para a próxima terça-feira.

O anúncio da Volks ecoou também na Prefeitura de São Bernardo. Ontem, o prefeito William Dib emitiu nota para solicitar a sindicalistas e empresa “lucidez” nas negociações. “A administração municipal pede que o Sindicato use de toda lucidez possível para que haja permanência da fábrica em São Bernardo.” O prefeito aguarda agendamento de reunião com a direção da Volks.

Enquanto a Volks reserva demissões e insinua fechamento de unidade, a Petrobras anunciou investimento de US$ 300 milhões na Recap (Refinaria de Capuava), em Mauá.



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