À parte de todas as histórias nascidas de sua personalidade excêntrica, Woody Allen, que completa 74 anos no dia 1º, é um dos diretores mais profícuos da história da sétima arte. Desde 1982, quando filmou "Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão", produziu no mínimo um longa por ano - em 1987, rodou dois: "A Era do Rádio" e "Setembro". Toda essa extensa filmografia estará disponível a preços populares no Centro Cultural Banco do Brasil a partir de amanhã, a mostra "A Elegância de Woody Allen". Entre os 40 títulos, dois inéditos nos cinemas brasileiros: o primeiro, "O que Há, Tigresa?" (1966) e o mais recente, "Tudo pode dar Certo", que só entra em cartaz em 2010 e terá sessão aberta na quinta (19), às 14h30.

Além das obras assinadas pelo próprio Allen, o curador, o cineasta Angelo Defanti, incluiu títulos em que o nome do homenageado aparece nos créditos apenas como ator (caso de Cenas de um Shopping, de Paul Mazursky) ou roteirista. Há ainda obras que o homenageiam de alguma forma, caso de Meetin' WA, média-metragem que Jean-Luc Godard fez em 1986. Em média, serão exibidos quatro filmes por dia, começando sempre à tarde (veja programação completa em www.woodyallen.com.br).

Sabiamente, porém, a curadoria destaca tanto o homem quanto as películas - nas quais na maioria das vezes interpreta tipos tão neuróticos como, garantem alguns amigos e ex-mulheres, ele próprio (que o diga Mia Farrow, que o perdeu para a filha adotiva, Soon-Yi).

O catálogo de "A Elegância de Woody Allen" se ocupa de destrinchar cada um de seus filmes, mas também destina uma seção que revela sua vida, que foge do estereótipo que seus personagens - e suas declarações cheias de efeito - tentam imprimir.

Nascido Allan Stewart Königsberg, o cineasta é nativo de Nova York e tem inteligência acima da média. Coisas fáceis de acertar só observando sua filmografia. Mas o QI não fez dele queridinho dos professores e saco de pancadas dos colegas. Ao contrário. O pequeno Allan aterrorizava em sala de aula e era o mentor dos motins. Mas não era só a rebeldia que o tornou popular entre os estudantes. A despeito da composição corporal raquítica - tem apenas 1,65 metro -, foi excelente esportista no colégio. Jogou basquete, futebol americano e beisebol. O estudo do inseparável clarinete também começou nessa época.

O nome artístico nasceu quando começou a escrever piadas para uma revista semanal. Tinha apenas 15 anos. O enfant terrible até tentou estudar Cinema. Mas o relacionamento com os professores não melhorou com o amadurecimento. As piadas que àquela altura apresentava em formato stand-up em clubes de Manhattan, eram transpostas para os trabalhos universitários. Por isso e por ser um aluno do tipo ‘turista', foi expulso da Universidade de Nova York.

Em 1965, depois de uma experiência de quase cinco anos nos palcos, foi contratado para ser roteirista de TV. Um ano depois estrearia em "O que há, Tigresa?". "Um Assaltante Bem Trapalhão", "Bananas" (1971) e "Tudo o que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo Mas Tinha Medo de Perguntar" (1972) consolidaram a transposição do humorista para as telonas.

A consagração no cinemão veio com a comédia romântica "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (1977), em que faz uma bela dupla com Diane Keaton. O filme fez a boa no Oscar de 1978: filme, direção, roteiro e atriz. Hoje, o diretor dispõe do elenco que quiser. A última parceria foi com Scarlett Johansson, que protagonizou três filmes: "Match Point", "Scoop" e "Vicky Cristina Barcelona".

A Elegância de Woody Allen - Mostra de Cinema. De amanhã ao dia 13. Centro Cultural Banco do Brasil - Rua Álvares Penteado, 112. Tel.: 3113-3651. De ter. a dom.. Ingr.: R$ 4 (cada filme).