Política Titulo Transporte público
Câmara de Mauá aprova CPI da Suzantur

Investigação ocorre após Diário mostrar que ônibus da cidade têm sido desviado para outras cidades

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
23/02/2021 | 18:21
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Celso Luiz/DGABC


Atualizada às 22h

A Câmara de Mauá aprovou instauração de CPI para investigar diversas irregularidades cometidas pela Suzantur, concessionária do transporte público na cidade. A abertura das apurações ocorre após o Diário mostrar que a empresa tem desviado ônibus da frota de Mauá para rodar em outras cidades onde também opera, como em Diadema e Ribeirão Pires.

A CPI foi idealizada pelo vereador Erismar Soares Clementino, o Mazinho (Patriota), e contou com apoio de praticamente toda a casa, inclusive de vereadores da base do governo do prefeito Marcelo Oliveira (PT) – a gestão petista está com a governabilidade fragilizada e a base de sustentação tem evitado entrar em confronto com oposicionistas.

O principal alvo da CPI será o descumprimento do contrato da Suzantur com a Prefeitura de Mauá, sobretudo no que diz respeito ao deficit de veículos da frota. Pauta antiga, o tema já foi alvo de diversos questionamentos da casa na legislatura passada. Só agora, porém, é que o assunto atraiu apoio unânime. “A população deu seu recado nas urnas e renovou boa parte da Câmara. Agora, a ansiedade da casa é outra, é de vontade de mudança e de trabalho”, frisou Mazinho, ao emendar que não enfrentou resistência por parte do governo Marcelo Oliveira e dos governistas.

Em 2019, a casa rejeitou abertura de CPI para investigar a empresa. Na época, o movimento para barrar a comissão foi patrocinado pelo governo do então prefeito Atila Jacomussi (PSB). Hoje oposição, Admir Jacomussi (Patriota), pai do ex-prefeito, mudou de posição e fez coro à CPI na sessão desta terça-feira. Naquela época, os próprios diretores da Suzantur chegaram a admitir que a firma põe na rua 223 veículos na cidade, enquanto que o acordo de concessão estabelece a necessidade de 248.

No requerimento em que propôs a CPI, Mazinho destaca que a existência da comissão consiste “na constante falta de execução do contrato de concessão de serviço público celebrado entre o Paço mauaense e a Suzantur”. “Desde a gestão passada, há notícias de que a disponibilização de ônibus é insuficiente e em quantidade inferior à que é prevista no contrato”, diz trecho da proposta. Além da falta de ônibus, a Suzantur também é criticada pelo fato de ter o monopólio dos serviços – além de operar as linhas, ainda gerencia o sistema de bilhetagem eletrônica.

Ao Diário, Mazinho complementou que a CPI também vai investigar por que a Suzantur tem desviado veículos que deveriam circular em Mauá para Diadema e Ribeirão Pires, territórios onde assumiu recentemente a gestão do transporte municipal. A equipe de reportagem do Diário flagrou carros com placas de Mauá rodando nas duas cidades.

A CPI será presidida por Mazinho e será composta por outros dois parlamentares: Samuel Enfermeiro (PSB) e Afonso Madeira (Patriota), esse último designado como o relator. A ideia, segundo os parlamentares, é usar a força jurídica da CPI para requisitar documentos e convocar representantes da Suzantur para oitivas na comissão. A primeira reunião deverá ocorrer na próxima semana.

De propriedade de Claudinei Brogliato, a Suzantur passou a operar em Mauá em 2014, no governo do ex-prefeito Donisete Braga (ex-PT, atual PDT).




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