Nacional Titulo
Depoimento da acusaçao do caso Pimenta termina em Ibiúna
Do Diário OnLine
28/09/2000 | 16:47
Compartilhar notícia


O depoimento das oito testemunhas de acusaçao no caso do assassinato da jornalista Sandra Gomide terminou por volta das 16h20, após cinco horas de duraçao. O primeiro depoimento foi considerado o mais importante pela acusaçao. Joao Quinto de Souza disse que presenciou os dois tiros dados pelo ex-diretor de Redaçao do jornal "O Estado de S.Paulo" Antonio Marcos Pimenta Neves contra a vítima.

Segundo ele, Pimenta pegou Sandra pelo braço, que gritou por socorro alegando que nao tinha nada para conversar com o ex-namorado. Ela estava na porta da selaria e foi arrastada pelo assassino confesso por uma distância de quatro metros.

Ao chegar perto de um carro, a vítima conseguiu se soltar e correu em direçao à testemunha. Foi quando Pimenta Neves disparou o primeiro tiro. Ele se aproximou de Sandra e disparou o segundo tiro na cabeça da vítima. A testemunha disse ainda que o réu ficou parado ao lado da vítima durante alguns minutos, com a mao na cintura. Depois saiu andando tranqüilamente.

A testemunha se declarou abalada e pediu que Pimenta Neves nao presenciasse o depoimento. Segundo Souza, ele trabalha no haras Setti onde aconteceu o assassinato há nove anos e conheceu Pimenta por meio de Sandra. Ele disse ainda que nunca viu o jornalista armado.

Em seguida depôs o proprietário do haras, Deomar Setti. Segundo ele, Sandra e Pimenta tinham um relacionamento harmonioso e nao presenciou nenhuma discussao entre os dois no dia do crime. Setti afirmou nao ter percebido nada de errado com Pimenta, mas percebeu que ele olhava muito para os carros que passavam pela estrada. Outra atitude incomum de Pimenta foi pentear um cavalo, coisa feita geralmente pelos funcionários do haras.

Convidado pela testemunha para almoçar, Pimenta Neves recusou. Mais tarde ele também foi chamado para presenciar o abate de um boi, mas teria dito que nao queria ver um animal morrendo.

A terceira testemunha a depor foi a mulher do proprietário do haras, Marlei de Fátima Setti. Ela disse que o assassino confesso de Sandra permaneceu mais tempo no haras que de costume. Marlei disse também que conversou com o jornalista e ele parecia "normal".

Pouco depois foi a vez do pai de Sandra, Joao Gomide. Ele falou durante 30 minutos e disse que soube do romance da filha há um ano e meio, apesar de ter durado quatro anos. Segundo ele, Pimenta pediu Sandra em casamento há cerca de um ano, mas ela teria recusado e continuou o namoro. Gomide disse que o relacionamento do casal era bom até começarem a trabalhar juntos no jornal "O Estado de S.Paulo". A testemunha disse que ela permaneceu na empresa durante sete meses e terminou o namoro após ter sido desmoralizada no trabalho.

Além disso, a testemunha disse que Pimenta tinha duas armas, uma pistola automática e um revólver Taurus calibre 38.

O segurança Jair Griffe foi a quinta testemunha a depor. Ele prestou serviços de proteçao à jornalista entre os dias 6 e 16 de agosto. Segundo ele, Sandra tinha medo de Pimenta. Ele disse ter sido contratado pelo pai da vítima depois que Pimenta a agrediu no dia 5 de agosto.

O irmao de Sandra, Nilton Gomide depôs em seguida. A defesa contestou a imparcialidade do depoimento dos familiares de Sandra, mas a juíza Eduarda Correia analisou, junto à testemunha, que havia condiçoes para a realizaçao da sessao.

O tio de Sandra Carlos Renato foi o último a depor e disse que sabia do relacionamento da sobrinha há três anos. Ele disse que presenciou os e-mails de ameaça enviados a ela e que ouviu o recado da secretária eletrônica em que Pimenta dizia "nao ter limites". Em outro recado, ele teria pedido para que Sandra devolvesse todos os presentes que teria ganhado do ex-namorado. A testemunha ainda falou que Sandra conhecia um jornalista equatoriano, mas nao mantinha nenhum relacionamento com ele. O profissional apenas teria ajudado a vítima durante um trabalho.

Pimenta Neves deixou o Fórum de Ibiúna por volta das 13h20 depois que ele começou a se sentir mal. Ele foi levado de volta para o 77º Distrito Policial de Santa Cecília, em Sao Paulo, sob autorizaçao da juíza.

Os depoimentos começaram por volta das 10h e foi interrompido durante uma hora para o almoço. Pimenta presenciou apenas quatro depoimentos e permaneceu de cabeça baixa e sem algemas. José de Jesus Rocha e o delegado Marcelo Damas, que investigou o caso, foram dispensados dos depoimentos, pois o número máximo de testemunhas permitido pela Justiça é de oito pessoas.

A defesa terá alguns dias para escolher oito testemunhas que irao depor em favor do réu. Cinco delas seriam de Sao Paulo, uma de Brasília, uma de Goiânia e uma dos Estados Unidos.

Pimenta Neves confessou ter matado sua ex-namorada, no dia 20 de agosto, em um haras de Ibiúna, a 70 quilômetros de Sao Paulo. Pimenta está preso desde o dia 4 de setembro.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;