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Renovação política é realidade distante
Cynthia Tavares
Especial para o Diário
28/02/2011 | 08:46
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As mudanças nos quadros partidários, notadas desde o fim do ano passado com as mortes de Romeu Tuma (PTB) e Orestes Quércia (PMDB), motiva o debate da renovação política no País. O assunto acaba se tornando pertinente nas rodas de discussões. Na região, não é diferente. Com 46,2% de renovação nos legislativos, o Grande ABC possui parlamentares de primeiro mandato que ainda tentam se firmar na política regional. 
Márcio Giudicio, o Márcio da Farmácia (PSDB), é o vereador mais votado da história de Diadema, com 6.319 votos. O tucano é autor do projeto de lei que obriga todos os bancos da cidade a colocarem divisórias, com objetivo de coibir ações de bandidos na chamada ‘saidinha' dos clientes. "Consegui a aprovação deste projeto e foi muito importante para impedir que bandidos do lado de fora vejam o que está acontecendo", analisa.
Quem também tenta se promover por meio de proposituras é o parlamentar andreense Gilberto Wachtler, o Gilberto do Primavera (PTB). "Sempre tive perfil executivo e por isso tenho buscado parcerias com a iniciativa privada", aponta. Nesses moldes, o empresário da rede supermercadista, conseguiu inaugurar no ano passado uma cozinha escola. Na última eleição, tentou alcançar voos mais altos e concorreu, sem sucesso, a cadeira na Assembleia.
O vereador de São Bernardo Matias Fiuza (PT) diz que não é de seu perfil criar nome de rua e homenagear pessoas. "Sinto-me bem nesses dois anos de vereança porque estive firme e defendo o governo do prefeito Luiz Marinho (PT), que vem realizando obras na cidade", afirmou o petista. 
A restrição imposta pela lei ao trabalho de legislar serve como justificativa para os parlamentares. "O vereador entra pela primeira vez vem com a turbina ligada, mas se dá conta de que o trabalho depende muito do Executivo", considera Márcio da Farmácia. 
 
BASE - Para o cientista político e professor da UniRio (Universidade Federal do Rio de Janeiro) José Paulo Martins Júnior, a falta de engajamento e conhecimento político da população atrapalha o processo de reciclagem dos líderes. "As pessoas desconhecem seus direitos e o Poder Legislativo também, apesar dos 20 anos de democracia que vivemos no Brasil", considerou. 
O docente acredita que sem investimento forte em Educação, novas lideranças políticas custarão a aparecer. "Não muda da noite para o dia. É preciso preparação de jovens para renovação", pontuou. "Só o tempo para resolver essa questão. Uma coisa é certa: se tivéssemos mais investimento, estaríamos melhor", completou. 

O cientista político Rui Tavares Maluf também é pessimista. "O processo está condicionado ao interesse da população. Não há mudança significativa. Prova disso são países mais antigos na democracia, como os Estados Unidos. O presidente Barack Obama é uma evolução, mas o Congresso ainda é extramente tradicional", comparou.




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