Após um dia recheado de paralisações no setor da Educação e carreatas, servidores públicos lotaram o plenário da Câmara de Diadema e cobraram apoio efetivo do Legislativo. Meio sem jeito por conta da pressão, o líder do governo, Orlando Vitoriano (PT), telefonou para o prefeito Mário Reali (PT) e conseguiu reunião com a equipe que negocia as 15 reivindicações do Sindema (Sindicato dos Servidores Públicos) e "possibilidade não garantida" da presença do chefe do Executivo para segunda-feira.
Por volta das 15h30, os servidores adentraram ao plenário com faixas e bandeiras levando suas reivindicações. A presidente do Sindema, Jandyra Uehara Alves, utilizou a tribuna para pontuar os principais itens reivindicados. E destacou indignação por ter passado 45 dias da entrega da pauta e ter retorno de proposta de bônus de R$10 no vale-alimentação.
Após o pronunciamento, o vereador tucano Lauro Michels aproveitou para jogar os petistas na fogueira. "É importante que eles saiam daqui com uma reunião marcada com o prefeito e antes de terça-feira", disse. Orlando avisou que poderia solicitar, mas sem garantias. Com isso, os servidores começaram a deixar o plenário tecendo comentários de frustração. No entanto, o líder petista entrou na salinha VIP da Casa, telefonou para o prefeito e salvou a empreitada.
Apesar da ofensiva, o resultado é simbólico. No dia 24, todos os vereadores assinaram moção de apoio à campanha salarial da categoria, mas nada fizeram de efetivo. Hoje a categoria tem reunião marcada com a equipe de Reali e aguarda contraproposta. Independente do resultado, os servidores promovem assembleia geral na terça-feira - um dia depois do possível diálogo direto com o prefeito - para avaliar a postura. "Se rejeitarmos, podemos marcar a data da greve por tempo indeterminado."
Em meio ao tiroteio entre Sindema e Executivo, Michels foi o grande favorecido. "O jeito que o prefeito trata o servidor é uma vergonha. Para dar duas trouxinhas de aumento é melhor não dar nada. Contem com a bancada do PSDB", discursou Michels, ao ser ovacionado pelos servidores. Em seguida, o líder da bancada petista, Manoel Eduardo Marinho, o Maninho, declarou que o PT, mesmo sendo governo, dá total apoio aos servidores. O discurso não colou e o vereador ganhou vaias dos trabalhadores. A desaprovação só foi interrompida pela fala de Irene dos Santos (PT), vereadora ligada ao sindicato.
A categoria reivindica 11% de reajuste, sendo que 6,36% são referentes à inflação, aplicação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, melhorias na refeição subsidiada pela administração e reformas do Estatuto do Magistério e Frente de Trabalho (grupo fiscalizador de deveres e direitos do servidor). "Desde 2005 recebemos a reposição da inflação. Não vamos aceitar essa perda e queremos ganho de 4%, porque é um ganho no patamar de outras categorias como bancários, químicos e metalúrgicos. Não dá para dizer que em Diadema existe trabalho descente sem melhorar a Frente de Trabalho", disse Jandyra.
Durante o dia, a categoria promoveu desde as 9h uma série de carreatas pelo município, com apoio de funcionários de 49 das 54 escolas municipais, para pressionar o prefeito. Os atos chegaram a paralisar a Avenida Antonio Piranga, em frente à Câmara, e o corredor de trólebus entre às 14h30 e às 15h20. A administração informou que a paralisação foi apenas parcial, que os funcionários que aderiram ao movimento vão ter os dias descontados.
Depois de toda movimentação do funcionalismo público de Diadema, a Câmara aprovou em primeira discussão o projeto de lei que dá à PM (Polícia Militar) autonomia para fiscalizar e planejar ações do trânsito no município.
A propositura foi detalhada pelo secretário de transportes, Ricardo Perez, e o comandante geral da Polícia Militar, Álvaro Camilo, aos vereadores durante reunião ocorrida na manhã de ontem. Será convênio de cooperação entre Prefeitura e governo do Estado. "O comandante disse que Diadema está 15 anos atrasada nesse convênio em relações a outras cidades. Eles esclareceram também que toda a receita arrecadada com multas será transferida diretamente ao município e não ao Estado", contou o líder do governo, Orlando Vitoriano (PT).
Perez relatou, segundo vereadores, que a cidade tem apenas 17 homens para fiscalizar o trânsito na cidade e que essa atuação pouco ocorre em bairros periféricos. "O comandante não falou em números, mas disse que todo o efetivo da Polícia Militar vai reforçar a fiscalização na cidade. É um ganho", considerou José Francisco Dourado (PSDB).
A privatização do pátio de apreensão de veículos, feita por decreto no meio do ano passado pelo prefeito Mário Reali (PT), foi um dos incentivadores do convênio. O pátio está passando por reformulação e vai suprir a carência de falta de vagas que vinha ocorrendo. Por conta dessa defasagem, a Polícia Militar deixava de fiscalizar carros em blitze.
Em contrapartida, Orlando estuda um acordo político, que talvez seja feito por emenda parlamentar, para que a nova prerrogativa seja amplamente divulgada depois que for aprovada em segunda discussão e sancionada pelo prefeito. "De repente tem uma rua em que sempre param carros na calçada e ninguém multa, daí a Polícia Militar passa e guincha todos os carros. Precisamos avisar antes para evitar constrangimentos", considerou.
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