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Carnaval de Jesus conta com 200 mil fiéis
Do Diário do Grande ABC
07/03/2000 | 17:24
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Padre Marcelo reúne 200 mil na celebraçao do Carnaval de Jesus O Carnaval de Jesus, comandado pelo padre Marcelo Rossi sobre um trio elétrico, reuniu cerca de 200 mil católicos durante duas horas e meia em Santo Amaro, na zona sul de Sao Paulo, nesta terça pela manha. A estimativa da Polícia Militar superou em 100 mil pessoas o público presente na festa do ano passado. A organizaçao do evento e o padre Marcelo ficaram surpresos, porque pois esperavam receber igual número registrado em 1999.

Padre Marcelo subiu ao palco, montado ao lado do Terço Bizantino - onde realiza missa todo domingo -, pontualmente à 9 horas. Cantou cerca de 30 músicas, das 104 previstas, em ritmo de marcha de carnaval, alternando com apitos para tentar orquestrar a empolgaçao dos fiéis. Entre um sucesso e outro, o padre cantou pela primeira vez a cançao "Esta gente que louva ao Senhor". Mesmo com a ameaça de tempo chuvoso, a pessoas só arredaram o pé quando o religioso encerrou o evento, após a execuçao do Hino Nacional.

Por causa da chuva ele repetia: "E melhor terminar por aqui porque temos responsabilidade. É preciso ter juízo. Estou preocupado com as crianças". A missa foi celebrada por dom Fernando Antonio Figueiredo, bispo da Cúria Arquidiocesana de Santo Amaro, em um altar instalado sobre um trio elétrico.

Carnaval - Ao final do evento, em entrevista coletiva à imprensa o padre Marcelo Rossi reforçou o argumento de que o Carnaval de Jesus tem o objetivo de oferecer a populaçao uma alternativa ao carnaval de avenidas e bailes. "É possível fazer um carnaval diferente, com alegria, sem bebidas e drogas", disse. O evento, comentou, tem a finalidade de mostrar que é possível resgatar o carnaval da Idade Média. "Eu estudei história em diversos livros e conclui que o carnaval tem origem na Igreja Católica".

O padre Marcelo explicou que a palavra carnaval significa a Deus a carne. Por isso, disse ele, as famílias ficaram sem comer carne até completar a Quaresma. Para o religioso, o evento também mostrou respeito ao Sagrado, que, segundo ele, nao pode ser usado fora da igreja. A afirmaçao faz referência as escolas de samba que levaram para a avenida imagens de santos. "As imagens nao podem ser usadas fora do seu âmbito e de contexto. Acho uma ofensa aos católicos, como seria ofensa a qualquer outro religioso. A liberdade (de expressao) muitas vezes transforma-se em libertinagem", afirmou. E fez questao de ressaltar que, a nao ser na hora da missa, nenhuma imagem foi usada durante a festa.

Para realizar o Carnaval de Jesus, o padre Marcelo disse que até superou o medo de altura - o trio elétrico tinha 4,66 metros. "Morro de medo de altura. E nunca gostei e pulei carnaval na minha vida. Mas para Jesus, eu faço" disse. Em vários momentos, afirmou que nao era contra o carnaval. Mas ressaltou que as imagens e as artes religiosas estao a serviço do culto e da liturgia para encaminhar às pessoas para a reza. E disse que a Igreja Católica nao apoia as campanhas do governo favoráveis ao uso da camisinha, porque, para ele, falta educaçao. "É preciso dizer "seja fiel" e nao pedir para que as pessoas reduzam o número de parceiros". Sobre as bebidas alcoólicas, disse que a igreja católica nao é contra a bebida, mas tem que saber beber.

Carismáticos - No próximo dia 23, o padre Marcelo viaja para Los Angeles (EUA), onde participa do Congresso da Renovaçao Carismática, até o dia 28. Ele acredita que esta será uma oportunidade para apresentar o trabalho realizado pela Igreja Católica no Brasil. Sobre sua ausência no evento de comemoraçao dos 500 anos do Brasil, promovido pela Igreja Católica, em Porto Seguro (BA), negou qualquer divergência com a linha de pensamento na Confederaçao Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Esclareceu que o evento está sendo pensado há cinco anos antes mesmo de ele começar a aparecer na mídia. Por isso, explicou, os organizadores nao tinham o dever de convidá-lo. Ele deve participar, no entanto, de um evento em Brasília, dia 22 de abril, para comemorar os 500 anos do Descobrimento.




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