Economia Titulo Crédito
Juros têm menor média em 16 anos

Dentre seis tipos de operações apenas o cartão de crédito manteve a taxa em outubro

Pedro Souza
11/11/2011 | 07:30
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"Nunca o brasileiro pagou tão barato pelo crédito", disse o coordenador das pesquisas de juros da Associação Nacional de Executivos de Finanças Administração e Contabilidade, Miguel Ribeiro de Oliveira. "No entanto, ainda estão em níveis elevados", criticou. Levantamento da entidade mostrou que os juros dos novos contratos de crédito, em outubro, giraram em torno de 6,60% ao mês. Este é o menor percentual desde 1995, quando teve início a série histórica da Anefac. E a tendência é de queda para os próximos meses, avaliaram especialistas ouvidos pela equipe do Diário. Em relação ao resultado de setembro, houve redução de 0,09 ponto percentual na taxa média. Dentro do grupo de modalidades pesquisadas pela entidade, apenas o cartão de crédito rotativo manteve a taxa, de 10,69%, em relação ao ano anterior. "A tendência é que os juros continuem caindo", comentou Oliveira. Ele disse que o Banco Central já sinalizou que deve continuar com as reduções na meta da taxa básica de juros nacional, a Selic. "E os bancos acabam realizando reajustes  acompanhando as mudanças na Selic."

O Banco Central reduziu a taxa básica de 12% ao ano para 11,50% no dia 19 de outubro. Foi a segunda vez consecutiva que o Comitê de Política Monetária do BC, responsável pela decisão, diminuiu a Selic.

O professor da Fiap Marcos Crivelaro, especialista em matemática financeiras e finanças, destacou que não acredita em tendência natural de queda nos juros às famílias. "Mas sim como reflexo da crise internacional."

Ele explicou que o governo, para se defender do impacto externo, deve continuar com a redução na Selic, o que, para ele, "será o começo de tudo" para próximas reduções.

Na avaliação do professor Keyler Carvalho Rocha, do Laboratório de Finanças da FIA, as duas quedas consecutivas da Selic deverão surtir efeitos nas taxas de juros ao consumidor. No entanto ele destacou a necessidade de o consumidor comparar o que era oferecido antes do mês passado, em preço do crédito, e quais são as ofertas de hoje. "É necessário avaliar Oliveira, da Anefac, disse que o cenário de desaceleração do crescimento da atividade econômica nacional deve contribuir para quedas nos juros. "O BC vai estimular o consumo", argumentou. Normalmente, a autoridade monetária altera a Selic para diminuir o consumo, quando aumenta a taxa, ou para elevar a demanda, com quedas.

"O problema será se a desaceleração da atividade econômica vier muito forte", alertou Oliveira. "Neste caso pode impulsionar elevação do desemprego, que resulta em elevação da inadimplência, o que traria os juros para cima novamente", explicou.

 

Quatro modalidades têm marco histórico

 

O patamar histórico da taxa média de juros aos consumidores foi puxado por quatro das seis modalidades que também apresentaram o menor percentual desde 1995, informou a Anefac.

O Crédito Direto ao Consunidor dos bancos para financiamento de veículos ficou em 2,16% ao mês, contra 2,24% registrados em setembro. Essa foi a modalidade com menor custo em outubro. Esse crédito é mais barato porque, normalmente, os contratos preveem que os automóveis sejam garantias do contratante.

 

Em seguida figurou o empréstimo pessoal dos bancos, com a taxa decrescendo de 4,47% ao mês para 4,31%. O custo médio do crédito oferecido no comércio teve redução de 0,10 ponto percentual na comparação mensal, e ficou em 5,44% ao mês. E a quarta taxa que atingiu menor patamar da série histórica foi a dos empréstimos pessoais de financeiras, que pularam de 8,94% ao mês para 8,76%.

O cheque especial, utilizado por quem entra no vermelho da conta-corrente, teve redução de 0,02 ponto percentual e passou a custar 8,21% ao mês. Porém, a taxa é a menor desde junho apenas. E o cartão de crédito manteve a média de 10,69%.

EMPRESAS- Para as empresas, a Anefac apura três modalidades de crédito e todas tiveram redução em outubro sobre setembro.

 

O crédito para capital de giro caiu 0,14 ponto percentual e ficou em 2,65% ao mês, ou 36,8% ao ano. Os novos contratos de desconto de duplicatas passaram de 3,09% ao mês para 3,01%, ou 42,7% ao ano.

A menor redução para as empresas foi para as operações de conta garantida. Em média, o juros de outubro ficaram em 6% ao mês, ou 101,2% ao ano, contra 6,02% ao mês registrados em setembro.




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