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'Melhorias não dependem de reforma', diz líder da oposição
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
26/07/2009 | 07:21
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Em meio ao esforço para mudar a cultura de rixa entre os blocos de oposição e situação que permeou os seis primeiros meses de trabalho da Câmara de São Bernardo, uma discussão polêmica ainda se mantém acesa entre os vereadores e atores políticos da Prefeitura.

Enquanto a base aliada do prefeito Luiz Marinho (PT) e integrantes do governo acusam os parlamentares contrários à gestão petista de serem responsáveis por barrar projetos do Executivo e, consequentemente, gerar inoperância da administração, a oposição se defende.

A troca de farpas entre os grupos adversários começou no início de abril, quando a proposta de reforma administrativa foi rejeitada no Legislativo. Considerada o ponto-chave para que Marinho coloque em ação o plano de governo apresentado na eleição de 2008, a mudança na estrutura organizacional do Paço é classificada como ilegal e inconstitucional pelos vereadores de PSB, PSDB e PMDB.

"Não é necessário aprovar a reforma para colocar em prática as melhorias na cidade. Para contratar médicos ou construir hospitais e escolas não precisa passar projeto na Câmara", diz Ary de Oliveira (PSB). "Eles não votaram nada. Tudo o que era importante para o município foi barrado", frisa Tião Mateus (PT).

Um exemplo de que a execução de programas independe do Legislativo é o convênio firmado entre a Prefeitura e a Santa Casa. Pela parceria, a instituição de Saúde faz internações pelo SUS (Sistema Único de Saúde), sob gestão do Executivo, que gerencia 20 leitos. Caso semelhante é reforma do Parque de Esportes Radicais.

Outra matéria reprovada na Casa, a qual acentuou o clima hostil entre os vereadores, foi a que autorizava a Prefeitura a consolidar empréstimo de pouco mais de R$ 40 milhões junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), para modernização do sistema de Saúde.

A alegação dos oposicionistas para não levarem o projeto adiante foi que a administração não enviou o cronograma de intervenções. E que a contrapartida exigida, no mesmo valor, para viabilizar o financiamento já poderia estar sendo aplicada pelo Executivo, o que não ocorre.

Após os insucessos das proposituras do governo Marinho na Câmara, circulou pelo município panfleto apócrifo no qual a bancada de oposição foi acusada de votar contra a população pelo fato de rejeitarem os projetos.

Braido viveu situação igual em São Caetano e obteve sucesso
Situação semelhante à de Luiz Marinho foi vivenciada pelo ex-prefeito de São Caetano Hermógenes Walter Braido (que morreu em novembro do ano passado) na década de 1980, em sua terceira passagem pela Prefeitura (comandou a cidade nas gestões de 1965 a 1969, 1973 a 1977 e 1983 a 1988).

À época, enfrentou uma Câmara formada por 11 opositores e oito governistas. Nem por isso teve um projeto sequer reprovado. O então secretário de Administração Getúlio de Carvalho dá a receita para obter sucesso mesmo com adversidade política.

"Era muita conversa com a oposição, muito diálogo. As sugestões e demandas dos vereadores contrários ao prefeito também eram contempladas. Assim conseguíamos a confiança para aprovarmos todas as propostas", conta o articulador.

A estratégia adotada por Braido há quase 30 anos abrangeu, inclusive, apoiar um oposicionista para assumir o Legislativo. O petista Sylvio Péllico tornou-se o primeiro presidente de Câmara do PT no Brasil ao comandar o Legislativo são-caetanense.

Esse jogo-de-cintura ainda engatinha no recém-empossado grupo do prefeito Luiz Marinho. Após um semestre de atrito com a oposição, o secretário de Governo, José Albino, tenta aproximação com o bloco adversário.




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