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Construtor da nau Capitânia nao é engenheiro naval
Do Diário do Grande ABC
07/06/2000 | 16:36
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A comissao do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-Bahia) encarregada do caso da nau Capitânia descobriu que o francês radicado no Maranhao Henri Schomoff, responsável pela construçao da embarcaçao, nao tem registro em nenhum dos 27 conselhos da categoria no Brasil, nao podendo, portanto, exercer a profissao no país.

O Crea deve concluir a apuraçao no próximo mês e sugerir à Polícia Federal que Schomoff seja processado por exercício ilegal da profissao.

O prejuízo foi de R$ 3,850 milhoes (dos quais R$ 2,5 milhoes dos cofres públicos e o restante de empresas privadas que participaram do projeto), dinheiro usado pela equipe do Clube Naval do Rio de Janeiro, em dois anos, na construçao da réplica da nau de Pedro Alvares Cabral, aguardada como a estrela da festa dos 500 anos do Brasil.

A embarcaçao nao conseguiu navegar de Salvador até Porto Seguro onde participaria da encenaçao do Descobrimento em abril. Apresentou um problema no mastro, depois nos dois motores e finalmente no sistema de estabilizaçao, que a deixou à deriva em alto-mar.

A nau foi rebocada para o estaleiro do Porto de Aratu, na regiao metropolitana de Salvador, onde o presidente do Clube Naval do Rio de Janeiro, o almirante da reserva Domingos Castelo Branco, disse precisar de mais R$ 250 mil para os reparos, prevendo pelo menos um mês de trabalhos.

O clube nao conseguiu nem mais um centavo até agora e a equipe de 64 pessoas entre tripulantes e operários foi demitida. E a nau está parada. Castelo Branco, que admitiu nao ter pedido o diploma de construtor naval ao contratar Schomoff (ele disse possuir apenas um da Escola de Belas Artes de Marselha), está em Brasília, tentando obter recursos para o conserto.

Além do francês Schomoff, o Crea pode punir no âmbito do conselho, o engenheiro Carlos Eduardo Baltazar Silveira da Silva que assinou o projeto da embarcaçao para a equipe do clube naval carioca. Ele deve ser processado por atitude anti-ética e corre o risco de ter registro profissional cassado.

O navegador Amir Klink, na capital baiana para lançar seu último livro, "Mar sem fim", ficou indignado com o episódio, achando que a nau manchou o nome dos construtores navais brasileiros no Exterior. "É um fiasco que ofende a todos os brasileiros e eu como contribuinte faço questao de ver este negócio resolvido na Justiça", disse.




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