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Campanha de 'vacinação em massa' no País custaria cerca de R$ 20 bi, diz Guedes

O ministro também lembrou que só auxílio emergencial foi abastecido com R$ 321 bilhões

11/12/2020 | 19:36
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Rovena Rosa/Agência Brasil


Apesar de o governo federal ainda não ter apresentado plano claro para vacinar a maior parte da população brasileira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, estimou nesta sexta-feira (11), que campanha de "vacinação em massa" no País custaria cerca de R$ 20 bilhões. "O gasto primário de combate à pandemia chegou a R$ 599,5 bilhões até agora, equivalentes 8,5% do Produto Interno Bruto (PIB)", afirmou, em audiência na Comissão Mista do Congresso Nacional que acompanha a execução das medidas de enfrentamento à pandemia de covid-19. "Se formos partir para campanha de vacinação em massa, deve ser mais ou menos mais R$ 20 bilhões", completou.

 

Guedes lembrou que apenas o auxílio emergencial foi abastecido com R$ 321 bilhões, mais da metade do gasto extraordinário na pandemia. "Estamos entre 10% a 12% acima da média de gastos dos países avançados e com o dobro dos emergentes", repetiu. O ministro destacou ainda que o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) preservou 11 milhões de empregos, equivalente a um terço do mercado de trabalho formal, com um custo de cerca de R$ 50 bilhões. "Ou seja, com 10% dos gastos totais, preservamos um terço dos empregos com carteira no País", enfatizou.

SEGUNDA ONDA

Paulo Guedes disse que o governo dará a resposta necessária se houver segunda onda de contágios da pandemia de Covid-19 no País. "Houve um arrefecimento e subiu de novo agora o número de mortos. Houve uma certa celebração das pessoas que pode ter provocado um repique da doença. Assim que a Saúde declarar se estamos em uma segunda ou em um repique, estaremos em outro cenário e teremos que dar resposta tão decisiva como foi na primeira crise", afirmou, em audiência na Comissão Mista do Congresso Nacional que acompanha a execução das medidas de enfrentamento à pandemia de Covid-19.

RENDA CIDADÃ

Ele admitiu que o governo ainda precisa avaliar como chegar a um programa de renda básica - ou renda cidadã - para o futuro, e voltou a defender que o novo programa seja sustentável, com financiamento adequado, respeitando o teto de gastos. "Sabemos que é um trabalho que não terminou ainda. O natural seria juntar o Bolsa Família com outros programas. Mas a confusão foi tão grande, a briga foi tão grande, que o governo achou melhor mostrar que vamos reavaliar o tema, sem confundir com o auxílio emergencial, que era uma ferramenta transitória para o período de emergência da pandemia" afirmou, em audiência na Comissão Mista do Congresso Nacional que acompanha a execução das medidas de enfrentamento à pandemia de covid-19.

ALÍQUOTA

O ministro repetiu  que a reforma tributária irá reduzir alíquota de impostos para empresas, enquanto o governo passará a taxar a distribuição de dividendos. "Tem gente sonhando com a reforma tributária para aumentar impostos. Particularmente se for aliança de um presidente da Câmara (Rodrigo Maia) com a esquerda. A esquerda aumenta impostos há 30 anos no Brasil. A social democracia gasta primeiro e depois aumenta os impostos, nós não faremos isso. Nós queremos controlar os gastos", afirmou, em audiência na Comissão Mista do Congresso Nacional que acompanha a execução das medidas de enfrentamento à pandemia de covid-19.

MAIA

Guedes atacou duramente o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e cobrou que projetos e reformas sejam pautados na casa. Ele começou pedindo que Maia paute o projeto de independência do Banco Central já aprovado pelo Senado. Segundo ele, a aprovação do texto é importante para impedir que a alta temporária dos preços se transforme em uma inflação permanente. "Estamos esperando o presidente da Câmara pautar o BC independente. Nada obsta isso, tem baixo custo político. O Senado já fez a sua parte e a pauta está pronta para ser votada na Câmara", afirmou, em audiência na Comissão Mista do Congresso Nacional que acompanha a execução das medidas de enfrentamento à pandemia de covid-19.

O Ministro da Economia reclamou que Maia tem criticado a Economia e se referiu à declaração do presidente da Câmara esta semana de que faria um bolo de aniversário sobre o não envio da PEC Federativa. "Como ele (Maia) tem feito cobranças públicas, vamos conversar publicamente sobre isso. O bolo de aniversário tem que ser entregue na casa dele (Maia). A PEC emergencial está há um ano no congresso e não foi votada. É muito fácil disfarçar desentendimentos políticos jogando a culpa para quem já fez a sua parte. Nós já fizemos a nossa", completou.

 O ministro lembrou que o senador Marcio Bittar já recebeu uma versão enxuta da PEC Emergencial. O senador declarou hoje que só irá apresentar o relatório do texto, desidratado, em 2021. "Bittar falou que a conturbação está tão grande que preferiu jogar para frente", admitiu Guedes. Ainda em críticas a Maia, o ministro voltou a reclamar da suposta interdição do presidente da Câmara aos debates da reforma tributária e das privatizações. "Na tributária, houve interdição de um imposto particular. Da mesma forma que as privatizações, que ele está cobrando hoje. Ele (Maia) tem um acordo com a esquerda de impedir as privatizações", repetiu. "Na tributária, temos dificuldade de avançar sim. Se não consigo receber nem relatório que foi feito teoricamente pelo relator. O governo eleito é de liberais e conservadores; não adianta fazer aliança para elevar imposto", reclamou.

Guedes ainda citou a paralisia na discussão da reforma administrativa, que também estaria travada na Câmara. "Eu pergunto, qual é a prioridade? O controle de despesas, a reforma administrativa, estão travados na Câmara", acrescentou. Guedes voltou a avaliar que há uma disfuncionalidade política que tem que ser resolvida pelos parlamentares. "Não quero ser pretexto para disputa política, não me meto na política. Mas não posso ficar aceitando falsas narrativas. É completamente insensato, quase desonesto, cobrar coisas já entregues", continuou. "Mas certamente avançaremos com ajuda do presidente da Câmara", concluiu.




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