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Políticos lamentam perda
do vereador Otávio Manente
Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
08/04/2011 | 07:17
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A despedida ao vereador de São Bernardo Otávio Manente (PPS) foi marcada pela movimentação intensa de populares e políticos da região. Cerca de 5.000 pessoas compareceram ao velório do parlamentar, ontem, das 3h às 15h20 na Câmara. Na avaliação das lideranças, o popular-socialista foi o "grande articulador" e deixou vácuo na política regional.

Ato ecumênico seguido de palavras do filho, o deputado estadual Alex Manente, e do amigo e vereador Estevam Camolesi encerraram o velório. O corpo foi cremado no Cemitério da Vila Alpina, na Capital, às 17h.

Otávio faleceu ontem, aos 55 anos, vítima de câncer no pulmão. Arquiteto e administrador de empresas, nascido em São Bernardo no dia 17 de setembro de 1955, deixou a mulher, Cecília Elisabeth Spinelli, os filhos Alex e André e três netos. Diversas coroas de flores foram enviadas - as paredes externas entre os prédios do Legislativo e Executivo ficaram forradas com as flores.

Alex foi o integrante da família mais abalado. Ele passou o velório todo ao lado do caixão.

Secretário estadual de Emprego e Relações do Trabalho e presidente estadual do PPS, Davi Zaia reforçou o discurso de articulador e lembrou que, há 13 anos, Otávio o procurou para se filiar ao PPS. "C consolidou o partido em São Bernardo, cidade com tradição política, e o organizou na região", afirmou.

Seis prefeitos do Grande ABC prestaram condolências. O primeiro a chegar ao salão nobre da Câmara foi o gestor de São Bernardo, Luiz Marinho (PT). O petista permaneceu por quase um minuto com a mão no rosto ao lado do caixão. "O momento é de amenizar a dor da família e dos amigos. Só o tempo vai suavizar."

Dois anos mais novo que Otávio, o prefeito de Diadema, Mário Reali (PT), destacou: "Ele é arquiteto como eu e da mesma geração. Me sinto abalado." O prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV), também lamentou.

Os prefeitos petebistas Aidan Ravin (Santo André) e José Auricchio Júnior (São Caetano) destacaram a relação de Otávio como a família. Oswaldo Dias (PT), de Mauá, não falou.

 

Arquiteto deixa legado de diversas obras na cidade

 

"Precisei trocar o secretário de obras no meu primeiro mandato (1989-1992) e o nome do Otávio Manente surgiu naturalmente. Ele foi um excelente secretário e responsável por obras importantes como levar o asfalto aos bairros", definiu o ex-prefeito de São Bernardo Maurício Soares.

No currículo de benfeitorias públicas do arquiteto estão a construção das avenidas Aldino Pinotti, Lauro Gomes, de UBSs (Unidades Básicas de Saúde), Emebs (Escolas Municipais de Ensino Básico) e o Cenforpe (Centro de Formação de Professores).

"Meu pai começou como piqueteiro da Secretaria de Obras. Saiu do cargo mais baixo para chegar ao mais alto. Quem começou de baixo foi ele, eu comecei de cima por tudo que ele construiu", declarou o deputado estadual Alex Manente.

 

Alex passa a comandar o G-5 na Câmara

 

O G-5 (grupo de cinco vereadores com posicionamento de centro) da Câmara de São Bernardo, criado e liderado por Otávio Manente, passa a ser coordenado pelo deputado estadual e filho do vereador, Alex Manente, de acordo com Vandir Mognon (PSB), que integra o bloco ao lado de Ivanildo Santana (PSB), Marcelo Lima (PPS) e Estevão Camolesi (sem partido).

"Hoje (ontem) de manhã estive com o Alex e conversamos sobre isso. Não queremos deixar a ideia do Otávio acabar. Pelo contrário, queremos ampliar a atuação desse grupo. Mas antes precisamos esperar a tristeza passar", declarou Vandir. O socialista não considerou a distância com Alex, já que ele atua na Assembleia Legislativa, um empecilho para a coordenação do grupo.

O G-5 vinha dando dores de cabeça para o prefeito Luiz Marinho. Por muitas vezes se alinhava à oposição e disparava questionamentos às proposituras do Executivo. Otávio era a grande liderança. Prova mais palpável disso é a eleição de Hiroyuki Minami (PSDB) na presidência da Câmara. À ocasião da eleição de mesa diretora, o popular-socialista deixou o hospital (passou por cirurgia no coração) para surpreender a base governista e eleger o tucano ao posto. "Se não fosse a articulação que ele conseguiu fazer, não estaria eleito. Sempre foi um guerreiro", disse.

Miranda da Fé, que assumirá a cadeira de Otávio na quarta-feira, já foi acionado pelos quatro vereadores do bloco. "Estou preparado para assumir, mas gostaria que ele estivesse aí. O Alex terá capacidade para continuar o trabalho dele. Ele deixa um vácuo no coração e um cajado para os familiares", disse Miranda.

 

AUSÊNCIA

Na "pior entrevista" de sua vida, o deputado fez declarações emocionadas entre lágrimas. "Fica imagem vitoriosa, bondosa, generosa e de quem superou todas as barreiras. Vai ser muito difícil suprir esta ausência. Ele foi a pessoa com quem eu mais convivi na minha vida."




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