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Menina presa no Pará faz 16 anos no Dia dos Direitos Humanos
Da Agência Brasil
10/12/2007 | 17:40
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A adolescente que ficou presa em uma cela com 20 homens no município de Abaetetuba (Pará) faz aniversário nesta segunda-feira, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Aos 16 anos, ela foi incluída no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte. A investigação sobre os culpados pelas diversas violações sofridas pela adolescente segue em andamento.

Em Abaetetuba, cidade a aproximadamente 100 quilômetros da capital de Belém, líderes comunitários e religiosos trabalham para combater a violência contra crianças e adolescentes. Foi a partir do trabalho do Conselho Tutelar local que o caso da jovem presa e violentada em uma cela masculina começou a ser desvendado.


“O que a gente vê é que as pessoas não acreditam mais em Justiça, principalmente na delegacia", diz a conselheira Maria Imaculada dos Santos. "Na realidade, eu acredito que a população não acreditava mais em ninguém. Inclusive eles acreditavam em nós, mas nós queríamos prova para pedir as providências e as pessoas não assinavam termos de declaração para não se comprometer.”

Logo após a divulgação do caso, o prefeito da cidade, Luiz Gonzaga Lopes, assinou um ajuste de conduta e enviou ao Conselho Tutelar dois aparelhos de ar condicionado, dois ventiladores, uma geladeira, um fogão, uma televisão e um computador com impressora.

“A gente já havia pedido, a gente sempre mandava ofício à prefeitura, à Secretaria de Assistência Social, nós também demos entrada no Ministério Público há muitos meses, antes de acontecer o fato”, conta Imaculada. Ela fez parte do grupo de conselheiros que, após receber a certidão de nascimento da adolescente presa, foram tirá-la da prisão.

“Ela estava com uma saia bem curtinha e uma blusa bem curtinha também, parecia um sutiã de alcinha, veio toda envergonhada para o nosso lado e disse: - que bom que vocês vieram, eu estou dizendo há muito tempo que sou adolescente, mas não acreditam. Então vão à casa do meu pai e falem para ele vir me buscar que eu não quero mais ficar aqui.”

A conselheira acha que uma das prioridades mais urgentes é criar políticas públicas de lazer para a juventude de Abaetetuba. “A diversão aqui são as festas, muito cedo. Porque até as nossas praças, que hoje deveriam ser direcionadas a esses jovens, a partir da sexta-feira são tomadas por donos de bares”, diz Imaculada.

“Não se tem na cidade uma quadra de esporte para oferecer lazer para os jovens, é uma situação difícil. Então esses recursos precisam chegar à criança e ao adolescente e a gente vê que isso ainda não é prioridade”, completa outro conselheiro, José Maria Quaresma.




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