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Transgênicos brasileiros serao barrados na Europa
Do Diário do Grande ABC
15/02/2000 | 16:55
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Os alimentos transgênicos sequer começaram a ser produzidos no Brasil e já encontram portas fechadas no mercado europeu. "Qualquer embarque brasileiro de soja que apresente, por exemplo, 1% no nível de transgenia nao será descarregado nos portos da Europa", garantiu, nesta terça-feira, a diretora executiva da Consumers Association, organizaçao inglesa de defesa do consumidor, Sheila McKechnie. Indiretamente, sua afirmaçao ataca o mercado interno brasileiro, que defende pesquisas neste segmento para que sejam aprovadas, em breve, nao só a produçao, como também a comercializaçao desses produtos.

A defesa contra os alimentos transgênicos, segundo Sheila, é porque até agora nada foi provado da suspeita de que a mutaçao genética empregada nesses produtos realmente indique benefício à saúde do consumidor. "Muitas pesquisas foram realizadas e nao ficou comprovado que essa alteraçao melhore a saúde das pessoas", revelou. A diretora faz ainda ressalvas quanto às pesquisas feitas até o momento. "Esses produtos nao foram testados plenamente".

Também atento à necessidade de pesquisas, mas defendendo a comercializaçao desses alimentos no país, o presidente da Associaçao Brasileira de Indústrias Alimentícias (Abia), Edmundo Klotz, disse que é preciso regras claras para se instituir o comércio de transgênicos. "Sou favorável a estudos, mas sem apelos emocionais", destacou.

Klotz se apóia principalmente nos Estados Unidos para levantar a bandeira em favor das alteraçoes genéticas dos alimentos. "Sao 250 milhoes de norte-americanos consumindo produtos transgênicos", destacou Klotz. E está justamente no pioneirismo dos americanos o perigo de um consumo clandestino pelos brasileiros pois "importamos anualmente uma média de 4,5 milhoes de toneladas de milho dos Estados Unidos".

No Brasil, por enquanto, as pesquisas sobre os transgênicos sao feitas pela Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), segundo o presidente da Abia.

Também o setor agrícola nacional se espelha no mercado externo. O Presidente da Federaçao Latino-Americana de Associaçoes de Sementes, José Amauri Dimarzio disse que caso o Brasil utilizasse os mesmos procedimentos dos Estados Unidos, o setor agrícola reduziria suas despesas entre 15% e 20%. "Somos favoráveis pela imediata autorizaçao para a produçao e comercializaçao dos transgênicos", revelou o presidente da Abia.

Da mesma forma pensa o secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, José Hermeto Hoffman, que ,junto com os demais, participou nesta terça-feira do seminário Alimentos Transgênicos: a realidade brasileira e o consumidor europeu. Para ele, será difícil abortar as exportaçoes argentinas com destino à Europa. "Desde 97 a Argentina realiza modificaçoes genéticas nos alimentos e pelo menos 40% de sua produçao de soja segue para a Europa", lembrou Hoffman.

No centro da balança, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) alerta para medidas que devem ser adotadas paralelamente às pesquisas. "Estamos em uma etapa do processo em que se precisa verificar os efeitos à saúde, a rotulagem e o impacto ambiental que podem provocar os transgênicos", alinhava Marilena Lazzarini. "Nao somos a favor ou contra, mas essa é uma discussao que deve ser analisada seriamente", finalizou Marilena.




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