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CNBB desiste de apoiar negociações entre sem-terra e governo
Das Agências
30/03/2001 | 13:15
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A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) decidiu não mais colaborar nas negociações entre o Movimento dos Sem-Terra (MST) e o governo, disse nesta sexta-feira o presidente da entidade religiosa, dom Jayme Chemello.

Segundo Chemello, bispo da diocese de Pelotas (Rio Grande do Sul), a Conferência decidiu interromper seu apoio ao MST nas negociações relativas a conflitos de terra "por não encontrar um clima de verdade" nem no movimento camponês e nem no governo.

A CNBB era uma das poucas organizações que davam um apoio explícito ao MST, que pede para acelerar a reforma agrária, e em inumeráveis oportunidades os bispos serviram como intermediários entre o núcleo de camponeses e o governo como forma de manter um canal de comunicação.

Essa participação conseguiu seu ponto mais alto nos meados do ano passado, quando o próprio ministro da reforma agrária, Raúl Jungmann, foi pessoalmente à sede da CNBB para discutir uma agenda de negociações para levar adiante com o MST.

Chemello disse à imprensa que a CNBB "saiu da confusão. Não encontramos um clima de verdade. Saímos porque nossa missão estava cumprida", para acrescentar que o núcleo de bispos "não apoia os extremismos, de qualquer lado que sejam".

As relações da CNBB com o MST eram históricas, já que a maioria dos líderes que deram forma ao movimento camponês saiu da Comissão Pastoral da Terra, vinculada à Conferência Episcopal brasileira.

O anúncio de que a CNBB se afasta das negociações entre o MST e o governo ocorre no momento em que o movimento de camponeses prepara seu Dia de Luta, que prevê manifestações e invasões de terras em todo o país durante o mês de abril.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, estatal), 1% da população brasileira controla 46% das terras e mais da metade do solo não é cultivado.




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