Os investidores que apostaram suas economias nos Fundos Mútuos de Privatizaçao Petrobrás (FMPs), utilizando o FGTS ou recursos próprios, têm motivos para comemorar. Em 26 dias corridos, a rentabilidade bruta dos FMPs foi de 74%, segundo dados da Inter American Express Asset Management. Isso significa dizer que, quem investiu R$ 1 mil tem hoje em sua conta R$ 1.740. Nenhum outro tipo de aplicaçao rendeu tanto em tao pouco tempo. Se comparado ao CDI (taxa de juros usada nas negociaçoes entre os bancos), essa performance equivale a dois anos e meio de remuneraçao.

Para Fábio Ferreira, analista de investimentos da Inter American Express, quem investiu num fundo Petrobrás fez ótimo negócio. "Difícil encontrar alguma outra aplicaçao que tenha rendido alguma coisa próxima disso", avaliou. Segundo ele, os fundos da Petrobrás deram vantagens ao acionistas que outros nao podem dar. "Nesses fundos o único risco é a Petrobrás. E mais nada", disse.

A grande questao é saber se é hora de sair e contabilizar os ganhos, mesmo perdendo o bônus de 20% oferecido na época da venda das açoes, ou de esperar até o fim do prazo mínimo estabelecido pelo Governo - agosto de 2001 - e aproveitar o desconto. Se optasse por sair agora, o investidor veria seu rendimento bruto despencar dos atuais 74% para 39,5%. Sobre este percentual, haveria ainda incidência de Imposto de Renda.

Para entender o motivo da perda do bônus, basta voltar à época da venda das açoes. O governo propôs que quem comprasse os papéis da Petrobrás até a data estabelecida ganharia um desconto de 20% sobre o valor final das açoes no dia da liquidaçao. Como o preço foi de R$ 43, o investidor pagou apenas R$ 35. No entanto, para ter direito ao desconto, o investidor nao pode vender as açoes (ou sair dos fundos) até o prazo mínimo estabelecido de 12 meses, ou seja, até 17 de agosto de 2001. Do contrário, perde o bônus.

Caso opte por sair do fundo antes dos 12 meses, o investidor terá como valor base das açoes R$ 43 (valor sem desconto) e nao os R$ 35 (valor com os 20%). Como a cotaçao do papel está em torno de R$ 60, o investidor veria sua rentabilidade despencar para 39,5%, mais 10% de imposto de renda, ou seja, 35% líquidos.

Quem optou pela compra direta com recursos próprios pode sair a qualquer momento, desde que concorde com a perda do bônus. Mas quem usou o FGTS só pode retirar o dinheiro em caso de aposentadoria, demissao sem justa causa ou compra da casa própria.

Especialistas consultados pelo InvestShop.com divergem na hora de opinar sobre o melhor momento de realizar o lucro. Para Mariana Paschoal, gerente de produtos do Inter American Express Asset Management, sair agora seria uma decisao muito prematura. "Quem tinha outros planos de investimentos nem entrou. Só aconselho o saque no caso de demissao. Mesmo para quem quiser comprar a casa própria, vale a pena esperar até o fim do período", aconselhou. Segundo ela, o período para avaliaçao ainda é muito curto e as perspectivas para esses fundos sao excelentes.

Já para Claudio Lellis, diretor do BNL Asset Management, pode ser hora de sair. "Eu abriria mao dos 20% e realizaria o lucro agora. É muito difícil ter um ganho desses num período tao curto", opinou Lellis. Para ele, as açoes da Petrobrás dificilmente repetirao a forte trajetória de alta dos últimos meses e, se houver crescimento, será mais lento. "Além disso, se a bolsa entrar em queda, esse papel será um dos primeiros a cair, pois os investidores vao querer realizar lucros", analisou. Segundo Lellis, se o investidor for utilizar o lucro para compra de um imóvel, por exemplo, é melhor ainda. "Ele vai estar transformando o lucro em ativo real. Otimo negócio", aconselha.

De acordo com Fábio Ferreira, o investidor deve manter a posiçao e só sair em último caso. "Mesmo sendo um bom ganho, nao aconselho ninguém a sair, pois as perspectivas sao muito boas. Além disso, 20% é muita coisa", opinou Fábio Ferreira, analista de investimento do Inter American Express. Para ele, nao há condiçoes de avaliar os ganhos num período tao curto.