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Flertando com o eleitor
Havolene Valinhos
Do Diário do Grande ABC
18/08/2010 | 08:29
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O horário eleitoral gratuito começou ontem e como era de se esperar se viu de tudo. Para conquistar a simpatia do eleitor, candidatos recorreram ao humor, ao protesto, à emoção. A lista de estratégias de convencimento não cessou nos 25 minutos destinados aos presidenciáveis e outros 25 aos deputados federais que foram ao ar às 13h e 20h30.

Nos sete minutos e 18 segundos direcionados à sua coligação, o presidenciável tucano, José Serra, buscou atrelar sua imagem a de menino humilde que venceu na vida por meio do esforço e do estudo. Para ilustrar a vida de dificuldades valeu até bairro pobre ao fundo. O candidato também pegou carona na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na tentativa, saiu até samba. "Quando o Lula da Silva sair é o Zé (José Serra) que eu quero lá. Sai o Silva e entra o Zé." Também foi destacada sua experiência administrativa como prefeito, governador de São Paulo e Ministro da Saúde.

Nos 10 minutos e 38 segundo destinados à coligação da candidata Dilma Rousseff (PT), houve música suave ao fundo e roupa sóbria. Ela comentou trechos de sua biografia desde a infância, o incentivo dos pais para a Educação, a entrada na universidade, a luta na ditadura e o período em que ficou presa. "A arte de você aguentar uma cadeia é viver uma cadeia." Lula enfatizou por vezes as qualidades da pupila. Houve preocupação de mostrar equilíbrio entre mulher emocional e racional. Dilma ressaltou seu papel de mulher, amiga, mãe, mas sem deixar de lado a firmeza em busca de seus objetivos profissionais e ser bem-sucedida em todas as áreas da vida. Até seu ex-marido entrou em cena para elogiá-la. A petista disse se sentir preparada para ocupar o cargo máximo do País. No segundo horário da TV, o PT adotou linha de conversa entre Dilma e Lula mostrando avanços no País. E finalizou com música para Dilma. "Meu povo ganhou uma mãe que tem coração que vai do Oiapoque ao Chui."

Já a candidata do PV, Marina Silva, só pareceu nos últimos dez segundos de seu um minuto e 23 segundos. Grande parte do tempo foi ocupado por imagens de catástrofes naturais e a narrativa da verde fazendo discurso de desenvolvimento sustentável. "Precisamos parar ciclo de destruição. É possível desenvolver sem destruir."

Plínio de Arruda Sampaio (Psol) aproveitou seu um minuto e um segundo para mostrar biografia por meio de fotos. Os demais pleiteantes com 55 segundos cada tiveram que fazer malabarismo. Rui Costa Pimenta (PCO) classificou a eleição atual como de "cartas marcadas para capitalistas como Dilma e Serra." Zé Maria (PSTU) pediu ajuda para "furar bloqueio do pouco tempo na TV." Na propaganda de José Maria Eymael (PSDC) o grande destaque foi seu tradicional jingle. Levy Fidelix (PRTB) disse que será "voz da população" e Ivan Pinheiro (PCB) que "o Brasil só mudará com revolução."

Nos 25 minutos para os candidatos a deputados federais figuras curiosas como o humorista Tiririca (PR) roubaram a a cena. "Vote no Tiririca. Pior que tá não fica. Na realidade, o que faz um deputado federal eu não sei, mas vote em mim que te conto."

Candidatos focam temas diferentes no 1º dia de propaganda na TV
O início da propaganda eleitoral gratuita na televisão e no rádio mostrou o foco dos principais candidatos à Presidência nesta eleição e como o departamento de marketing das campanhas vai trabalhar a imagem dos concorrentes, bastante modificada para atrair o eleitor.

Enquanto a campanha de Dilma Rousseff (PT) focou na história de vida da candidata e na relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a de José Serra (PSDB) tentou colar no tucano a imagem de humilde e experiente.

Já Marina Silva (PV) se apresentou como terceira via e praticamente abdicou do pouco tempo de propaganda para tratar, ao invés da imagem pessoal, dos problemas ambientais do planeta, regionalizados para o Brasil.

A verde só apareceu no fim do comercial, se apresentando como candidata, mas sem pedir votos ou falar de propostas - o que gerou comentários na internet de que o vídeo parecia mais um documentário do que propaganda eleitoral.

Para o professor de Marketing da UNIP (Universidade Paulista), Joaquim Ribeiro, Marina não se "vestiu para a campanha". "Ela não parece preparada para o cargo. Se ela adotasse um corte de cabelo elegante, se ficasse mais alinhada, ia chamar atenção. Mas ela está arrumada do mesmo jeito que ia trabalhar", avalia.

Na opinião de Ribeiro, o contrário ocorre com a postulante do PT. "A Dilma mudou o visual. Colocou um terninho, ao invés das blusinhas. Isso mostra para o eleitor que ela veio decidida e está preparada para assumir o cargo", afirma.

A propaganda da petista a apresentou como a candidata do presidente Lula, o que, segundo especialistas, deve aumentar ainda mais os votos da ex-ministra, que aparece em 1º lugar isolada nas pesquisas.

Por outro lado, Serra tentou descolar a imagem de "elitista". Falou da origem humilde, do pai entregador de frutas e mostrou ações de seus governos nas áreas de Saúde e Educação. No fim, o jingle da campanha: "Quando o Lula sair, é o Zé que eu quero lá".

"A imagem de que ele vai continuar o governo Lula não parece sincera", opina Ribeiro. Para o professor de marketing, o tucano já está relacionado com a oposição ao petista e demorou para adotar esta tática. "Agora não vai mais pegar. Principalmente porque o Lula aparece na propaganda da Dilma dizendo que ela é a candidata dele", ressalta.

Para Walter Kaltenbach, diretor da Master Mind, empresa especializada em marketing pessoal, Serra e Dilma treinaram para ficar simpáticos. "Ambos são agressivos, o que atraía rejeição dos eleitores. Por isso, foram preparados para parecerem agradáveis e conciliadores", pontua. Segundo Kaltenbach, essa postura deve permanecer após a eleição se eles quiserem governar bem. (Raphael Di Cunto)




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