Como se a decisao nao fosse sua, o ex-prefeito e presidente nacional do PPB, Paulo Maluf, tem dito que, se puder escolher, será candidato a governador de Sao Paulo em 2002 e nao à sucessao de Celso Pitta (PTN) neste ano. Mas, enquanto mantém suspense, Maluf faz visitas à periferia da cidade, conversa com seus correligionários e aproveita para lembrar que, se voltar à Prefeitura, vai concluir as obras que começou e seu substituto e ex-afilhado político nao terminou.  

A assessoria do ex-prefeito paulistano garante que ele tem visitado os bairros da cidade desde setembro do ano passado apenas para manter contatos com a populaçao e levar os três nomes que estao sendo examinados pelo partido para a sucessao de Pitta: Francisco Rossi, Reynaldo de Barros e Delfim Neto. 

Para Maluf, os dois maiores problemas de Sao Paulo estao relacionados com a segurança pública e o desemprego, que sao da esfera estadual e, como governador, teria condiçoes e capacidade para enfrentar. Mas, ao mesmo tempo, nao fecha as portas para uma eventual candidatura a prefeito.

Maluf sabe que alguns dos prováveis concorrentes no pleito paulistano dependem da sua definiçao. Dizem, por exemplo, que, se ele se candidatar, o ex-governador Orestes Quércia (PMDB) desistirá, até porque um poderia atrapalhar o outro, e o grande objetivo dos dois é derrotar os tucanos na sua principal base eleitoral. Outro que trombaria na mesma área com Maluf seria o senador Romeu Tuma, pré-candidato do PFL, partido que tem encomendado pesquisas ao Vox Populi para avaliar a possibilidade de uma aliança com o PSDB do vice-governador Geraldo Alckmin. 

Desgastado - Derrotado por Mário Covas em 1998, Maluf saiu profundamente desgastado da campanha, sob a acusaçao dos tucanos de ter participado na divulgaçao de um dossiê com informaçoes sobre uma suposta empresa que o presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador Mário Covas, o ministro José Serra e o já falecido ministro Sérgio Motta tinham em um paraíso fiscal do Caribe.  

O ex-prefeito viajou para o exterior, saiu de circulaçao e retornou depois, para contra-atacar seus adversários.  O grande lance de Maluf estava reservado para o final de 1999, quando foram divulgados pelo ex-prefeito os resultados dos exames de DNA, que revelaram nao ser ele o pai da neta de Silvio Rocha, seu ex-cabo eleitoral.

Na campanha de 1998, circularam trechos de um depoimento de Rocha no Ministério Público Estadual, que acusava Maluf de ter engravidado sua filha quando ela ainda era menor de idade. Contudo, dois laboratórios negaram essa paternidade. E, a partir daí, o presidente do PPB passou a dizer que, como aquela, todas as denúncias contra ele sao falsas.

De posse dos exames, Maluf recuperou seu fôlego político. E, com a baixa popularidade dos governos tucanos de Fernando Henrique Cardoso e de Mário Covas, está disposto a retornar sua trajetória de eterno candidato a prefeito de Sao Paulo, governador do Estado e, quem sabe, a presidente da República.