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'Gangues de Nova York' está em cartaz no ABC
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
15/03/2003 | 16:35
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Mais do que palavra, mais do que conceito, liberdade chega a ser um hino encerrado em si mesmo na propaganda da soberba norte-americana. Oficialmente, só ela constrói, quer na entoação da Star Spangled Banner, quer nas iconográficas 50 estrelas e 13 listras rubro-brancas. Confrontado ao ufanismo, Martin Scorsese aparenta um certo enjôo. O rancor, pensa o cineasta, é base de igual e tal importância para essa América – embora menos badalada do que a liberdade – como demonstra em seu recente Gangues de Nova York, exibido no Extra Anchieta, em São Bernardo.

Scorsese volta no tempo para escancarar uma violência comunitária e formadora de Nova York. Regride 140 anos até dar em turmas de imigrantes irlandeses, em 1860. São bandoleiros, divididos em dois grupos: os Coelhos Mortos, recém-chegados ao país e liderados por Vallon (Liam Neeson), e os Nativistas, estranhamente xenófobos, imigrantes que não toleram novos imigrantes – a liderança do grupo é de Bill, o Açougueiro (Daniel Day-Lewis).

Enfrentam-se enquanto resistem à convocação para a Guerra Civil da era Lincoln. Um homicídio e um intervalo de 16 anos trarão à sangria Amsterdam (Leonardo DiCaprio), filho de Vallon, que se aproxima dos Nativistas para vingar a morte do pai, cometida por Bill. Os arquétipos dramáticos que Scorsese administra em Gangues não comprometem um apontamento seu, nessa versão farroupa de E o Vento Levou. A águia só pia hoje porque a América se solidificou sobre e sob o ódio. É uma possibilidade.




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