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Kléber Albuquerque apresenta novo CD em Sto.André
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
15/04/2005 | 11:25
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Os conterrâneos de Kléber Albuquerque serão os primeiros a conferir, ao vivo, o novo CD do cantor e compositor, previsto para ser lançado em junho. O andreense é a atração de sexta-feira dentro da série comemorativa de aniversário da cidade promovida pelo Sesc. A apresentação, que conta com banda, ocorre às 20h, com entrada franca.

Há um mês e meio, Kléber se dedica à gravação do novo álbum, já batizado como Desvio. Por estar tão envolvido e feliz com o projeto, diz ter sido “irresistível” a idéia de levá-lo ao palco, com todas as suas 15 faixas. “Diferentemente do anterior (O Centro Está em Todas as Partes), que era mais minimalista, este é mais exuberante, tem um som de banda”, afirma.

O repertório agrega estilos e ritmos diferentes, díspares até. Mas obtêm uma certa unidade pelo fato de carregar em todas as músicas a identidade do grupo, que toca junto o tempo todo e que assina coletivamente os arranjos. Essa turma tem, além de Kléber, Simone Soul (percussão e bateria), Simone Julian (sopros), André Bedurê (baixo e violão de sete cordas) e Estevan Sinkovitz (guitarra, violão e bandolim).

Propositadamente, Kléber fez opções pouco usuais, “fora de moda”, como ele mesmo define. Incluiu bolero, valsa e até opereta. Desvio (com letra de Flávio Alves), que dá nome ao disco, é uma “valsa manca”, com influências de jazz e de música medieval. “Ela tem uma sonoridade interessante, porque é tocada em cinco tempos”, diz. As valsas são sempre construídas em compasso ternário, ou seja, em três tempos. Desvio, no disco, foi gravado com o Canto de Cozinha – um projeto paralelo de Kléber que o une a Ceumar, Gero Camilo, Tata Fernandes e Rubi.

Pelo menos dois sambas integram o novo CD. Um deles é o “samba exaltação ao comedimento” Inequação, cuja temática passa pelo social. “Que contratante, concorrente, praticante/ Que representante, quem do mundo cidadão/ Quem se comove, se incomoda, quem se move/ É a prova dos nove dessa inequação...”, canta. A letra lança um olhar àqueles que enxergam nos desprotegidos da sociedade alguém igual a si.

Segundo Kléber, esse é um “samba transgênico”, porque não é fiel ao estilo. “O Grande ABC não tem a ver com samba. Minha influência, na região, foi sempre de punk rock. Daí essa mistura”, diz. Nem mesmo o outro samba, Hino dos Palhaços de Semáforo, escapa à regra. “Todos os ritmos do disco são híbridos. Nunca ele é o que parece ser. O bolero, por exemplo, tem influência de blues”.

O bolero em questão é Essa Mulher, que traz “uma guitarra esquizofrênica, cheia de ruídos” e uma dose de bossa nova. A letra traz “espelhamentos dos versos”. Kléber explica: “O verso seguinte sempre contradiz o anterior”.

Chama atenção, ainda, a opereta A Canção do Cãozinho Esaú, feita para um espetáculo de Brecht baseado no texto A Alma Boa de Setsuan. Kléber extraiu um trecho para cantar a história de um homem que decide cuidar de um cãozinho encontrado na rua com as patas quebradas. Depois que o animal se recupera, o homem fica inconformado, pois já não pode cuidá-lo. Assim, quebra novamente as patas do cachorro. “O pessoal fica indignado, as crianças até choram”, diz o artista. “O texto tem essa crueldade, ele desmascara sentimentos”. Kléber só voltará a executar esse repertório depois do lançamento do CD.

Kléber Albuquerque – Show. Nesta sexta-feira, às 20h. No Teatro do Sesc Santo André – r. Tamarutaca, 302. Tel.: 4469-1200. Entrada franca.



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