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Com ajuda da população, ONG constrói casas em comunidades

Projeto tem 3.000 voluntários e já entregou 30 imóveis, sendo nove no Grande ABC

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
26/10/2020 | 23:55
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DGABC


A união de diversas pessoas da sociedade tem levado lar digno para centenas de moradores de comunidades carentes, alguns deles do Grande ABC. Conduzido pela ONG (Organização Não Governamental) Construide, o trabalho consiste em construir moradias de alvenaria e doar para pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social. Até hoje, já foram 30 imóveis entregues, nove deles na região, que beneficiaram aproximadamente 7.150 pessoas. 

Criada em 2017, a Construide depende exclusivamente de voluntários para execução das obras e de doações de pessoas físicas e jurídicas para comprar materiais. Atualmente, a ONG conta com 3.000 participantes, divididos em equipes e projetos para auxílio na construção. 

Fundador do projeto, o arquiteto Bruno Bordon, 27 anos, explica que a ONG é responsável por toda parte da obra, desde instalações elétricas até a finalização com alvenaria. Bordon ressalta que o prazo para construção das moradias é de dois meses e as casas, geralmente, são avaliadas em R$ 40 mil. “Sempre iniciamos a obra com pelo menos R$ 20 mil em caixa e, no decorrer do tempo, captamos os demais recursos. Desde o início, os voluntários fazem tudo, fazem inclusive a demolição. Tomando todos os cuidados, com EPIs (Equipamentos de Proteção Individual)”, detalha. Os voluntários trabalham aos sábados, das 8h30 às 16h30.

Segundo o arquiteto, as casas entregues possuem padrão de construção com quatro módulos que juntos somam 39 metros quadrados, contendo sala, cozinha, banheiro e quartos para família de até seis integrantes.

Os beneficiados precisam atender alguns pré-requisitos para serem contemplados, entre os principais é ter renda familiar de até R$ 2.064. Além disso, precisam auxiliar com a alimentação dos voluntários, ficar responsável pela própria mudança – inclusive ficar em outro local durante os dois meses de obra – e estar dispostos a financiar 10% (cerca de R$ 4.000) em parcelamento com a ONG. “A família tem a consciência de que ela faz parte de tudo isso, eles literalmente estão comprando a casa própria e isso traz dignidade para todos”, declara Bordon. 

Uma das contempladas pelo projeto é a confeiteira Samara Maria Barbosa, 35, moradora do bairro Cata Preta, em Santo André. A obra de sua casa começou em 8 de agosto e foi entregue no dia 10 de outubro. Samara não esconde a gratidão pelo trabalho realizado. “Enquanto a Construide estava fazendo outra obra aqui no bairro, eu estava ajudando a cozinhar para eles, então, eles me conheceram e conheceram a minha casa. Após finalizarem essa construção, soube que eu seria contemplada”, detalha Samara. 

De início, a casa da confeiteira seria com dois andares, com a parte inferior destinada para comércio. Porém, com a chegada da irmã, a desempregada Paloma Barbosa, 26, para morar no local, a equipe da Construide adaptou o projeto e montou casa térrea. “Antes, tinha minha lavanderia aqui embaixo e quarto em cima, onde dormíamos todos juntos com colchões no chão, inclusive. Hoje está tudo separado e seguro. Estou muito feliz”, comenta Samara, que mora com o marido, o auxiliar de pedreiro Gilmar Martins, 40, e os três filhos, Eduarda, 16, Arthur, 9, e Larissa, 4. Em outra parte, Paloma mora com o filho, Davi, 5. 

No fundo da casa, a família, com apoio da Construide, está adaptando anexo, para o quarto dos pais de Samara, José Barbosa, 57, e Josefa Barbosa, 52. “Tenho certeza que eles (Construide) ainda vão realizar muitos sonhos. No meu caso, moro com a minha família do melhor jeito possível”, finaliza Samara. 

Décimo imóvel na região está em obra

Moradora do bairro Cata Preta, em Santo André, a desempregada Fátima Aparecida da Silva, 44 anos, é a próxima que será contemplada pelo projeto da ONG (Organização Não Governamental) Construide. Ao lado dos filhos Bruno, 14, Amanda, 16, e Renan, 21, alugaram casa para passar os próximos dois meses e não escondem a ansiedade de ver tudo pronto. “Serão os dois meses mais longos de nossas vidas”, comenta Fátima. 

A família lembra que já perdeu diversos itens por causa da água, já que a casa é praticamente apoiada em barranco e os dias de fortes chuvas castigam a casa que, atualmente, está revestida em madeira e papelão. “Quando chove já esperamos que a chuva escorra por toda casa. O pouco que tínhamos, como camas e geladeiras, já perdemos por causa da chuva”, lamenta Fátima. 

Na obra da desempregada, a Construide prevê anexo na casa para o quarto da outra filha, a cuidadora Jenifer Silva Reis, 25, e sua filha Ana Clara, 7. “Acho que é a esperança por dias melhores. Muita coisa vai ficar no passado e essa nova casa vai nos ajudar muito. Trazer felicidade, conforto e dignidade para nós”, detalha Fátima. 

De acordo com o fundador da Construide, com a obra da família de Fátima serão dez projetos finalizados no Grande ABC, sendo a maioria em comunidades no bairro Cata Preta e no Jardim Cristiane. “Nós também reformamos outros espaços como próprias ONGs ou igrejas”, explica o arquiteto Bruno Bordon, idealizador do projeto. 

Os munícipes que queiram doar para o projeto, devem acessar o site da Construide pelo link: construide.org.




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