O livro tem um dos inícios mais instigantes da literatura universal: “Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranqüilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso.” Borelli traduz para a linguagem da dança contemporânea as angústias do rapaz que conclui ser um transtorno para a família.
O espetáculo, assim como a obra literária, abre espaço para o ser humano oprimido pela sociedade em geral e pela família em particular. A angústia gerada pela rejeição da sociedade ao que é diferente é o assunto de A Metamorfose.
A montagem aborda também a dificuldade em adequar-se aos moldes que o sistema impõe, o desespero provocado pela impossibilidade de rompimento com modelos pré-estabelecidos e o autoritarismo nas relações familiares e de trabalho. A condição humana, enfim.
O figurino trabalha com tons opacos e a iluminação brinca com sombras. Não há um Gregor Samsa no palco, mas vários. Graças à teatralidade presente na obra de Borelli, é possível reconhecer passagens do livro no espetáculo.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.