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Argentina registra queda nas vendas de Natal
Do Diário do Grande ABC
28/12/1999 | 17:00
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O Natal portenho nao causou motivos para comemoraçoes, pelo menos para os comerciantes da capital argentina. De acordo com dados preliminares da Federaçao da Comércio da Cidade de Buenos Aires (Fecoba), em relaçao a dezembro do ano passado, as vendas natalinas caíram entre 15% e 25%, dependendo do produto.

Os pequenos e médios comércios foram os mais atingidos, com uma reduçao de 30%, enquanto que os shoppings centers e as lojas de departamentos tiveram quedas de 10%.

Estes resultados eram esperados: nos dias que precederam as festas, as ruas comerciais da cidade apresentavam um movimento somente ligeiramente maior que o normal. Segundo turistas estrangeiros, nem parecia que os argentinos soubessem que estavam no Natal.

Os portenhos nao deixaram de dar presentes neste Natal, mas preferiram comprar presentes mais baratos, declarou à imprensa o vice-presidente da Fecoba, Juan Carlos Estahlberg. "Por isso, a reduçao ocorreu no faturamento, e nao no volume de vendas por unidades", explicou. Para os próximos meses, as expectativas nao sao otimistas: começam as férias de verao, acompanhadas pela queda no consumo na capital do país, que somente se recupera a partir de março.

Para os supermercados, o mês de novembro nao foi produtivo: as vendas caíram 6,3% em relaçao ao mesmo mês do ano passado e de 9 6% em relaçao a outubro deste ano. Para dezembro, calcula-se que ocorrerá um aumento de 25% em relaçao a novembro, mas mesmo assim, dezembro de 1999 teria uma queda de 9,8% em relaçao a dezembro de 1998.

Calcula-se que em todo o ano teria havido uma reduçao de 2,5% nas vendas, em relaçao ao ano passado. Dados preliminares indicam que em 1999, os supermercados teriam um faturamento de US$ 14,21 bilhoes, inferiores aos US$ 12,57 bilhoes do ano passado.

As vendas por metro quadrado demonstram índices mais negativos: em novembro, nos supermercados elas caíram 11,2% em relaçao ao mesmo mês de 1998. É o primeiro ano nesta década que os supermercados registram queda em suas vendas anuais. Nos shoppings centers, a proporçao na queda foi maior: 20,4%. Este dado torna-se mais preocupante se for levado em conta que a superfície dos shoppings centers cresceu 25,1% em 1999.

Enquanto os pequenos e médios vêem seu futuro ameaçado e os supermercados enfrentam uma inédita crise, florescem os comércios de `tudo por US$ 2'. Com produtos importados de baixos preços, estas lojas que se espalharam por toda Buenos Aires nos últimos quatro anos, conseguiram gradativamente a atençao do público de classe média e classe média alta, que sofre uma profunda recessao. Além disso, assusta a perspectiva de um forte ajuste tributário que seria votado pelo Congresso nos próximos dias.

Neste contexto de arrocho, um insólito `Tudo por US$ 2' abriu suas portas na esquina das ruas Libertad e Juncal, em pleno coraçao do Bairro Norte, um dos mais elitistas da cidade. Ali, executivos falidos tentam encontrar um substituto de suas gravatas de seda Hermès em similares de nylon 'Made in Taiwan'.




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