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Montadoras diminuem encomendas
Marcelo Moreira
Com AE
03/02/2005 | 15:22
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As decepcionantes vendas de veículos em janeiro devem frear a produção acelerada do setor de autopeças, que trabalha com capacidade instalada bem perto do limite e cujas indústrias estão implantando o terceiro turno. As montadoras de veículos alteraram a programação de produção para fevereiro e março, depois de terem registrado o mais fraco janeiro em vendas dos últimos cinco anos. As encomendas de autopeças para os fornecedores foram revistas e caíram entre 10% e 12%, disse o presidente do Sindicato Nacional dos Fabricantes de Autopeças (Sindipeças), Paulo Butori.

No Grande ABC, cinco grandes empresas já trabalham 24 horas para se adequar às expectativas iniciais da indústria automobilística de produzir 2,3 milhões de veículos, cerca de 5% a mais do que em 2004. Outras cinco programavam implantar o mesmo esquema de produção até março.

O aumento de produção no setor automotivo preocupava tanto as autopeças que Butori solicitou uma audiência com Guido Mantega, presidente do BDNES (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social), para pedir  financiamento de R$ 1,3 bilhão para que o segmento consiga atender à demanda das montadoras.

Estudo encomendado pelo Sindipeças indicou que 75% das indústrias estão no limite da capacidade instalada. David Wong, diretor da consultoria Booz, Allen & Hamilton, que realizou o levantamento conjuntural para o Sindipeças, afirma que a situação não será “oito ou oitenta”. “Não teremos de uma hora para outra a parada de produção de autopeças, mas a situação precisa ser vista com cuidado.”

 A redução das encomendas das montadoras está centrada nos componentes usados na produção de veículos para o mercado interno. Para os modelos destinados à exportação não houve alteração de pedidos. “A alta dos juros, combinada com a insegurança do consumidor e o real apreciado, levou o setor a colocar o pé no freio”, disse Butori. Mesmo não sendo um período bom para o mercado automobilístico, por causa das férias e redução de promoções, o baixo desempenho das vendas em janeiro surpreendeu montadoras e fornecedores.

Foram vendidos no mês passado 106,7 mil veículos, o menor volume para o mês desde 2000. Em relação a janeiro de 2004, a queda foi pequena, de 0,65%. Já na comparação com dezembro, mês bastante forte para o setor, a queda foi de 40%.

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) divulga sexta-feira o balanço mensal do setor, com dados de vendas, produção e exportações. O presidente da entidade, Rogelio Golfarb, também deve informar se as empresas mantêm as projeções feitas no início de dezembro para 2005.

A produção de carros foi recorde em 2004, com 2,2 milhões de unidades. As vendas internas, que totalizaram 1,57 milhão de unidades devem aumentar 4%, enquanto as exportações, esperam as empresas, vão crescer 7%, para US$ 8,9 bilhões. “Começamos o ano otimistas, mas agora já estamos preocupados. Sinto cheiro de que as coisas não estão bem”, afirmou Butori.



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