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Rebeliao em cadeia do litoral paulista deixa 2 mortos
Do Diário do Grande ABC
26/10/1999 | 16:42
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Dois presos morreram durante uma rebeliao iniciada nesta terça-feira pela manha na Cadeia Pública de Caraguatatuba, no litoral norte de Sao Paulo. Os 146 presos ficaram amotinados por aproximadamente quatro horas no interior do prédio, onde queimaram colchoes, roupas e retiraram as grades das celas. Eles exigiam a presença do juiz-corregedor e de autoridades policiais para negociar uma pauta de reivindicaçoes, entre elas a transferências de condenados, para acabar com a superlotaçao. A cadeia tem oito celas e foi construída para comportar 48 presos, porém está com o triplo da populaçao carcerária permitida.

O movimento terminou no começo da tarde, depois que os presos tiveram algumas exigências atendidas. O motim começou por volta das 8h30, no pátio interno do presídio, quando os detentos tomavam banho de sol. Rapidamente, os rebelados conseguiram controlar as alas das celas e investiram contra dez presos que se encontravam no "seguro". Os presos Wiliam Roberto da Silva e Paulo Rogério de Oliveira, ambos há três meses no estabelecimento, foram mortos a pancadas e golpes de estiletes. Os líderes da açao ainda ameaçavam assassinar outros oito detentos caso o juiz-corregedor dos presídios, André Augusto Salvador Bezerra, deixasse de comparecer ao local.

Por volta das 10 horas, o juiz chegou e junto com o delegado seccional de polícia, Joao Barbosa Filho, iniciaram as negociaçoes. Cerca de cem policiais, entre militares e civis de Caraguatatuba e Sao Sebastiao, ficaram posicionados nas imediaçoes da cadeia para evitar uma possível fuga em massa. Os amotinados pediam o fim da superlotaçao, transferência de presos revisao das penas e refeiçao de melhor qualidade. Depois de quase duas horas de conversaçoes, os presos aceitaram voltar para as celas e se comprometeram a preservar a vida dos ameaçados de morte.

Mesmo com a concordância dos líderes do movimento, o clima ainda é muito tenso no local. "Estamos com problemas de superlotaçao e a cadeia virou um barril de pólvora", revelou o diretor interino do presídio, delegado Orley Siqueira. A situaçao foi totalmente controlada por volta do meio-dia, quando a polícia conseguiu entrar no local e retirar os dois corpos que foram encaminhados para o Instituto Médico-Legal (IML) de Sao Sebastiao. Os carcereiros passaram a fazer uma grande revista na cadeia e recolher os estiletes e outras armas improvisadas.

Segundo o delegado Siqueira, o prédio nao sofreu qualquer dano e se encontra em boas condiçoes. As grades retiradas pelos amotinados foram recolocadas. O juiz prometeu avaliar os processos, verificar a alimentaçao e os pedidos de transferência dos condenados nos próximos dias.




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