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Café brasileiro sofre com as geadas
Do Diário do Grande ABC
18/07/2000 | 15:17
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As severas geadas, que depois de uma prolongada e devastadora seca castigam os cafezais brasileiros - maior produtor e exportador mundial do produto -, forçam o agricultor a contabilizar os prejuízos e o mercado reage com altas significativas, que beneficiam os produtores internacionais.

A última estimativa do governo divulgada pelo setor para a atual colheita 2000/01 é que o Brasil produzirá 29 milhoes de sacas de café (uma saca tem 60 quilos), reduçao considerável frente a seu potencial de 40 milhoes de sacas.

O principal problema que afetou esta colheita foi a seca. Mas à seca, somam-se agora as geadas, que arrasaram sobre a colheita de 2001/02, cujos prejuízos ainda nao foram confirmados, já que o principal problema, que é o frio, continua se prolongando.

A frente fria de geadas se estendeu na madrugada desta terça-feira sobre o maior estado produtor de café do Brasil, Minas Gerais, que detém aproximadamente a metade da produçao total. Até agora, as geadas tinham afetado consideravelmente o estado do Paraná (7% da produçao do café brasileiro) e em menor escala Sao Paulo (12% da produçao).

Informados sobre as expectativas meteorológicas, de que as geadas continuarao até o dia 24 deste mês, os produtores estao recorrendo a todo método para reduzir o efeito devastador do frio: grandes fumaceiros ou proteger com terra as plantas jovens, explicou o produtor André Gomes Peres, gerente da cooperativa Expocafé em Minas.

Ainda sem dados definitivos, os produtores lançam-se aos campos para avaliar os prejuízos. "A metade da colheita sofreu os efeitos das geadas", disse o presidente do Selo de Exportadores de Café, Jorge Esteve.

"No Paraná foi muito forte, fala-se de 80% das colheitas afetadas. E Minas Gerais nao se sabe, já que ocorreu hoje (terça-feira), mas acreditamos que mais de 30% das colheitas poderiam ser afetadas", informou o secretário-geral da Associaçao Brasileira da Indústria do Café (ABIC), David Nahum.

Os perigos que ameaçam as colheitas do Brasil - que segundo dados do ministério do Comércio Exterior é o maior produtor (33%) e exportador (27%) mundial de café, com 35,6 milhoes de sacas produzidas em 1998 e 1999 - tem se traduzido em fortes e imediatas variaçoes de preço no mercado internacional.

"Em Nova York o preço aumentou 16% somente ontem (segunda) e hoje (terça), e nos últimos quinze dias aumentou 32%", ainda que agora o mercado esteja à espera dos resultados definitivos antes de fazer grandes movimentos, destacou o dono da exportadora Rioxport, José Roberto Giancristóforo.

Estes aumentos das cotaçoes acontecem num momento em que o forte aumento da produçao no Brasil e outros países coincidiu com uma forte queda de preços. Por isso, a atual situaçao "é um benefício para todos os produtores, porque aumenta o preço para todos os tipos de café", estimou Giancristóforo.

Para o secretário da ABIC, por outro lado, se for confirmado um prejuízo importante na safra brasileira por causa das geadas, "teremos um preço maior mas uma safra menor, enquanto que os outros países teriam uma produçao normal, com um preço melhor".

O Brasil exportou US$ 2,442 bilhoes de café em 1999, principalmente para os Estados Unidos, Japao, Itália, Alemanha e Bélgica, enquanto que no mercado interno as vendas geraram US$ 1,6 bilhao, segundo dados do setor.

O café brasileiro, com 250 anos de história e importado pela primeira vez da Guiana Francesa, emprega hoje 3,5 milhoes de pessoas em 221.000 fazendas produtoras e é responsável por 5% das exportaçoes totais do país.




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