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Morales denuncia 'golpe de Estado cívico-governamental'
Da AFP
10/09/2008 | 08:21
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O governo do presidente Evo Morales qualificou a onda de protestos desta terça-feira, em quatro dos nove departamentos da Bolívia, de início de um "golpe de estado cívico-governamental", mas descartou a decretação do estado de sítio.

"Este é o início de um golpe de estado cívico-governamental, contra a unidade do país e contra a democracia", disseram os ministros de governo (Interior), Alfredo Rada, e Defesa, Walker San Miguel, sobre as manifestações lideradas por governadores e organizações civis de quatro departamentos oposicionistas.

As autoridades deploraram as manifestações "fascistas" ocorridas hoje nas regiões de Santa Cruz, Tarija, Chuquisaca e Beni contra Evo Morales.

O ministro Rada, encarregado de dirigir a polícia, disse que "não vamos cair em provocações fascistas (....) Vamos agir com serenidade, mas também com firmeza democrática, legal e constitucional".

Em nome do governo, Rada convocou todos os cidadãos "a defender a democracia boliviana e a unidade nacional".

Já o ministro da Defesa garantiu que os "fascistas não passarão" e revelou que na cidade de Santa Cruz agiram apenas uns "600 desocupados", diante de um milhão de habitantes que se mantiveram à margem dos incidentes.

O ministro San Miguel garantiu que o governo não vai adotar o estado de sítio.

Nesta terça-feira, manifestantes contrários ao governo de Morales saquearam o escritório regional de um canal de televisão estatal, dois escritórios da Receita, instalações da empresa de telecomunicações Entel (empresa estatal de telecomunicação) e a sede do Instituto Nacional de Reforma Agrária, todos em Santa Cruz.

Na Televisión Boliviana-Canal 7, os manifestantes saquearam o escritório, destruíram computadores e móveis e fizeram uma fogueira na porta de entrada do prédio, segundo imagens da emissora privada ATB.

Grupos de jovens, liderados pela UJC (União Juvenil Cruzense), ocuparam as instalações da Entel  para "entregá-las à administração do governador Rubén Costas", de Santa Cruz.

O prédio foi invadido no final da tarde por centenas de pessoas, que saquearam suas instalações, jogaram documentos e objetos pelas janelas, e queimaram a papelada nas imediações da Entel.

Segundo rádios locais, grupos opositores também ocuparam o Aeroporto Viru Viru de Santa Cruz, o de maior tráfego da Bolívia.

Ações semelhantes ocorreram em povoados das regiões de Beni e Tarija, onde grupos civis de oposição a Morales tomaram uma usina, mas não conseguiram cortar o fornecimento de gás natural para o Brasil.

Os incidentes acontecem em meio a uma grave crise política na Bolívia. Os departamentos de Santa Cruz, Beni, Pando, Tarija e Chuquisaca rejeitam a nova Constituição, defendida pelo presidente Evo Morales, e exigem que o governo devolva às províncias cerca de 166 milhões em royalties do petróleo e gás relocados para a previdência social.

O vice-ministro de governo (Interior), Rubén Gamarra, acusou o governador Rubén Costas e o líder civil e empresário Branko Marinkovic de "promoverem a violência".

Já Marinkovic culpou o novo gabinete, empossado na segunda-feira por Morales, o qual acusou, sem dar provas, de receber "instruções da Venezuela" para aplacar os protestos da oposição.




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