Política Titulo Aumento
Funcionalismo pressiona Oswaldo Dias por reajuste

Sob tensão e protestos, governo de Mauá admite reavaliação

Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
16/05/2012 | 07:54
Compartilhar notícia


Cerca de 200 funcionários públicos de Mauá protestaram ontem contra o reajuste salarial de 1,08% oferecido pela administração Oswaldo Dias (PT). O ato, iniciado nas ruas do Centro, se estendeu ao Paço. Os manifestantes conseguiram interromper a sessão na Câmara e conduzir a maioria dos 17 vereadores à Prefeitura, em tentativa de encontro com o prefeito, que, segundo assessores, estava na Capital. Sob clima tenso e pressionado, o governo admitiu reavaliar a proposta.

A categoria cobra reajuste de 5,83%, referente à inflação acumulada nos últimos 12 meses, e diminui o pedido de aumento do vale-compra, de R$ 200 para R$ 140 - atualmente é de R$ 74.

Apitaço, palavras de ordem, faixas comparando o salário de Oswaldo (R$ 18.576,09) ao piso da categoria (R$ 584,49) marcaram a passeata e a presença dos manifestantes no Paço. O clima esquentou na Câmara, onde o grupo chegou antes de a sessão ser iniciada, às 14h28, com 28 minutos de atraso. Os trabalhos começaram com apenas sete vereadores, o que rendeu gritos de "cadê os 17" e vaias a cada parlamentar anunciado na chamada.

Presidente da Casa, Rogério Santana (PT) propôs interromper a sessão para reunião com comissão de servidores. Mas o movimento pressionou para que os vereadores os acompanhassem ao Executivo, a contragosto da bancada do PT, que tentou proteger o governo. Em meio a intenso bate-boca, integrantes da oposição e de bloco independente conseguiram inflamar ainda mais o protesto, colando adesivos referentes à proposta de 1% de reajuste no peito e cobrando a ida dos governistas à Prefeitura. 

AMEAÇAS

Da tribuna, líderes sindicais tornaram inevitável a ida dos parlamentares à sede do governo. "Este movimento não vai parar aqui. Se preciso, faremos um ato deste por semana", ameaçou o presidente do Sindserv (Sindicato dos Servidores) de Mauá, Jesomar Lobo. Comandante da Federação dos Sindicatos dos Servidores Públicos do Estado, Aires Ribeiro reforçou o tom. "Temos aqui, além dos servidores de Mauá, representantes dos sindicatos de Boituva e Guarulhos. Amanhã, poderemos ter de outras 100 cidades. É isso o que vocês (vereadores) querem ou podemos sentar e resolver isso hoje?"

Dezenas de servidores, além dos vereadores, subiram ao terceiro andar da Prefeitura, onde está o gabinete de Oswaldo. Com a ausência do petista, o bloco foi atendido pela secretária de Governo, Mariângela Secchi, recepcionada aos gritos de "queremos o prefeito". A integrante do primeiro escalão relacionou impedimento legal como a principal barreira ao reajuste de 5,8%, mas também lembrou a dificuldade financeira do governo. "Temos parecer do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) que permite o reajuste com base na inflação do ano (de 1%, considerando janeiro a março). Há casos de prefeitos que foram cassados por retroceder os 12 meses."

Aires Ribeiro rebateu. "Não conheço nenhum prefeito cassado por conta disso. É questão de vontade política", considerou. "E falta de verba também não é justificativa. Mauá tem gasto muito pequeno com funcionalismo (36% do Orçamento)."

Reunião entre advogados da Prefeitura, do Sindserv e da federação, amanhã, irá definir se o reajuste de R$ 5,8% será ou não concedido. Além de seriamente ameaçada neste ano, a revisão salarial não consta na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) 2013, que tramita na Câmara - a oposição se movimenta para inserir o dispositivo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;