Oscar acredita que o basquete brasileiro sem ele continuará promissor. “Temos boas revelações como o Marcelinho (Fluminense) e o Dedé (Flamengo). O Campeonato Nacional é bem feito e forte”, disse. Mas acredita que a modalidade enfrenta problemas na seleção e nos clubes. “Nunca teremos um novo ídolo sem resultado na seleção para chamar a atenção do público. E eu não concordo com a forma como a seleção é convocada”, disse.
DIÁRIO – O que você pretende fazer ao término de sua carreira como jogador? Você já teve experiências no campo político. Pode ser uma saída?
OSCAR – Não sei ainda o que vou fazer. Mas minha única certeza é que não vou seguir a carreira política. Penso muito em qualidade de vida para minha família.
DIÁRIO – Isso quer dizer atenção total a sua esposa e filhos?
OSCAR – É preciso ficar mais perto deles. Vamos ver se o Flamengo também me arranja alguma coisa para fazer.
DIÁRIO – Você tem recebido muitas homenagens nesta sua última temporada. Como tem sido isso?
OSCAR – Estou passando por coisas na minha vida recentemente que nunca imaginei. Na partida contra o Bauru, lá, um monte de crianças fizeram uma apresentação para me homenagear e o ginásio, lotado, ficou de pé para me aplaudir. Fiquei arrepiado porque sempre fui adversário em Bauru.
DIÁRIO – Você também jogará com o seu filho pelo Campeonato Nacional no final de maio, quando ele voltar dos Estados Unidos. Como espera este momento?
OSCAR – Eu estou mais ansioso do que ele. Todo dia estamos nos falando. Faremos duas ou três partidas pelo Flamengo e depois ele volta para os Estados Unidos. Espero que a gente jogue bem, mas tudo depende se as partidas estiverem fáceis. Do contrário, ele nem joga.
DIÁRIO – O basquete brasileiro vive um momento econômico difícil. Muitos clubes, como Flamengo e Fluminense, estão com salários atrasados. Outros pagam em dia, mas vivem com o orçamento apertado. O Botafogo fechou sua equipe este ano na Divisão Principal. No feminino, há apenas cinco times competitivos em todo o Brasil. Como você vê a atual realidade?
OSCAR – O basquete brasileiro enfrenta vários problemas para crescer. Os clubes de camisa não acreditam muito até porque o principal produto deles é o futebol. Precisamos de empresas para o apoio, mas isso também está difícil. Adoraria que tivéssemos clubes fortes, como tínhamos Francana, Sírio, antigamente. Nosso Campeonato Brasileiro é forte, temos 17 equipes, mas precisamos exportar mais jogadores para o exterior. Isso não acontece porque o brasileiro seja ruim. Eles só precisam cair nas graças de um técnico da NBA.
DIÁRIO – Quer dizer que nosso basquete ainda não é conhecido lá fora, mesmo na lista das dez maiores potências da modalidade, segundo a FIBA (Federação Internacional de Basquete)?
OSCAR – Antigamente, tínhamos três brasileiros na Europa. Precisamos ganhar um destaque com a seleção para aparecer mais.
DIÁRIO – Você concorda com o trabalho feito hoje na seleção?
OSCAR – Não. Seleção não é escola. Você não pode deixar jogadores experientes como o Janjão e o Ratto (respectivamente pivô e armador do Flamengo) de fora deste grupo como vem acontecento. Não consigo pensar assim.
DIÁRIO – Muitos falam que os campeonatos no Brasil deveriam seguir a linha da NBA, na qual os patrocinadores bancam a competição e não diretamente os clubes. Qual a sua opinião a respeito?
OSCAR – Não devemos imitar os norte-americanos. Lá eles vivem em outro plano de basquete. O Brasileiro, feito aqui, já é bem forte. Precisamos mostrar mais estas boas partidas para que as pessoas as conheçam.
DIÁRIO – Você jogou na Europa e hoje é ídolo em países como Espanha, Itália e Estados Unidos. Oscar é sinônimo de recordes no basquete. Em 27 de outubro, no clássico diante do Fluminense pelo Campeonato Carioca, superou a marca mundial de 46.725 que era do lendário pivô norte-americano Kareem Abdul-Jabbar. Três meses depois, na estréia do Flamengo no Nacional 2002, ultrapassou os 47 mil pontos. Você pode pendurar os tênis de cano alto com 48 mil pontos caso mantenha a média de 34,2 por partida no Nacional. Na sua carreira, há a histórica medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1987, em Indianápolis, sobre os Estados Unidos. Depois de tantas conquistas, existe alguma frustração em sua passagem pelas quadras?
OSCAR – Se pudesse voltaria no tempo para jogar uma Olimpíada e tentar uma medalha. Mas eu não a trocaria pela conquista do ouro no Pan (Americano) de Indianápolis.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.