As medidas do Banco Central que restringiram o crédito surtiram efeitos e tiraram o crescimento vigoroso que a indústria automobilística vinha experimentando desde a crise econômica, que se acentuou no último período de 2009.
A avaliação é do presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Cledorvino Belini, para quem as medidas do governo federal já começam a "sinalizar um alerta para o setor".
Se comparadas com fevereiro, as vendas em março cresceram 11,7% - passaram de 274,2 mil para 306,1 mil unidades. Só que, mesmo descontando o Carnaval, março teve dois dias úteis a mais em relação a fevereiro.
Com isso, a média diária de vendas teve pequena alta de 1,5% - passaram de 13.708 carros emplacados diariamente em fevereiro para 13.915 em março.
Em um instante em que o veículo nacional perde competitividade para importados em alta velocidade, a Anfavea não está disposta a ver seu ciclo vertiginoso de vendas interrompido.
Na época do anúncio das medidas, o próprio Belini disse que concordava com as medidas anunciadas pelo Banco Central desde que elas fossem "temporárias".
Um dos argumentos pode ser a geração de empregos, que nos últimos 12 meses vem cresenco nas fábricas e em toda a cadeia. Só as montadoras empregam mais de 110 mil pessoas.
Mesmo com o primeiro trimestre com ritmo menor de vendas, os resultados estão dentro do patamar esperado para o ano pela Anfavea, que projeta crescimento de 5% do mercado nacional em 2011, devendo atingir volume de 3,650 milhões de veículos.
Se, por um lado, o mercado interno perde força, as exportações estão em alta contínua desde janeiro. As vendas externas fecharam o trimestre com alta de 14,3% em volume - passaram de 171,2 mil unidades no primeiro trimestre de 2010, para 195,7 mil no mesmo período de 2011.
Em receita, o crescimento foi ainda melhor: 25,8%. Nos primeiros três meses do ano passado, a indústria havia faturado US$ 2,601 bilhões. No mesmo período deste ano, o resultado alcançou R$ 3,271 bilhões, sinalizando recuperação.
PESADOS
Outro segmento que continua em expansão vigorosa é o de caminhões. Nos três primeiros meses, foram emplacadas 39,5 mil unidades contra 31,2 mil no mesmo período de 2010. O crescimento é de 26,8%.
"As vendas crescentes de caminhões são sinal de que a economia está aquecida", afirmou Paulo Roberto Garbossa, consultor da ADK, especialista no mercado e indústria automobilística. "Ninguém compra um veículo de carga para deixá-lo na garagem."
A indústria de pesados conta com mercado aquecido durante todo o ano, também em razão da lei que obrigará redução de emissões em 2012 para atender ao Proconve 7. Com a necessidade de nova tecnologia nos veículos, grandes frotistas devem antecipar compras para não terem de arcar com alta de até 15% no preço dos caminhões a partir de janeiro.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.