Tomado pela natureza, o local atrai quem gosta de história e cultura
Situado na Serra do Caraça, em Minas Gerais, o Santuário do Caraça é ótimo destino para quem pretende viajar com isolamento. Tomado pela natureza, o local também atrai quem gosta de história e cultura. Curiosidades não faltam por lá, a começar pela origem de seu nome.
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Segundo Márcio Mol, gerente geral do Santuário do Caraça, há duas teorias em torno do nome do local.
“Há quem defenda que a palvra “caraça” viria do formato de um rosto humano na Serra do Espinhaço. Essa explicação chegou a ser comentada por Dom Pedro II em seu diário (11-13 de abril de 1881). Todavia, pesa contra ela o fato de que o nome nunca tenha sido citado no masculino (Serra do Caraça), como deveria ser caso se referisse a uma ‘cara grande'”, explica.
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Outra tese aponta que caraça se refere a um grande desfiladeiro da Serra do Espinhaço. “Essa foi a explicação dada por Auguste de Saint-Hilaire (1816) e acolhida por José Ferreira Carrato, em sua tese de doutorado sobre o Caraça (As Minas Gerais e os Primórdios do Caraça), publicada em 1963”, aponta Márcio.
“Isso porque caraça, em tupi-guarani, significa desfiladeiro ou bocaina, como hoje é chamado o portentoso vale entre os Picos do Sol e do Inficionado. Essa teoria, inclusive, parece ter mais força. De qualquer forma, vale a pena conhecer as belezas naturais do local e pensar, in loco, a respeito das razões que levaram à escolha do nome”, conclui Márcio.
A gastronomia do Caraça é um ponto que merece atenção especial dos visitantes. Além da experiência de comer em um refeitório histórico, com toda a simplicidade e variedade de sabores da comunica mineira, é possível ir a uma adega para ver o processo de produção de vinho tinto, hidromel e fermentados de laranja, jabuticaba e morango.
Há também uma padaria, que fabrica pães, bolos e biscoitos, e uma doceria, com geleias e compotas. O queijo minas artesanal, cujo processo de fabricação existe há mais de 200 anos, é uma das iguarias mais procuradas no Santuário do Caraça e serve de matéria-prima para vários pratos da região em concursos e festivais gastronômicos.
Um dos grandes atrativos do Santuário do Caraça é a famosa hora do lobo. A tradição de aguardar a visita do lobo todas as noite teve início em maio de 1982, quando algumas lixeiras começaram a aparecer derrubadas e reviradas.
Num primeiro momento, pensou-se que cachorros eram responsáveis por isso. Depois, descobriram que o baderneiro, na verdade, era um tal de Chrysocyon brachyurus, que quer dizer “animal dourado de rabo curto”. É o famoso lobo-guará, chamado assim porque em, tupi-guarani, guará significa “vermelho”.
Desde então, começaram a colocar bandejas de carne nos portões em frente ao santuário, e aos poucos os lobos se aproximaram da escada da igreja. Hoje, a bandeja é colocada no adro e atraem não apenas lobos-guarás, mas também cachorros-do-mato e até uma anta.
A prática de alimentar esses animais no Santuário do Caraça persiste até os dias atuais para manter o hábito de caça dos bichinhos. Por este motivo, o lobo-guará não tem hora para aparecer. Mesmo assim, a partir das 18h30, começa a vigília chamada a “hora do lobo”.
O complexo do Santuário do Caraça é tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e Estadual. Foi escolhido como uma das Sete Maravilhas da Estrada Real.
Conta com um amplo conjunto arquitetônico que destaca a primeira igreja de estilo neogótico do Brasil, o prédio do antigo Colégio (hoje Museu e Biblioteca) e um hotel com 54 apartamentos e quartos, com capacidade para até 230 pessoas. Isso sem contar a Fazenda do Engenho, com 26 apartamentos.
O destino é marcado por um aenorme diversidade de fauna e flora. São 386 espécies de aves, 42 de répteis, 12 de peixes e 76 de mamíferos. Nas serras da região há nascentes, ribeirões e lagos com águas de coloração escura, que carregam material orgânico em suspensão.
O solo da região é muito rico em minérios, que foram explorados nos séculos anteriores. Há grande concentração de quartzito ou rocha metamórfica. Desde 2011, passou a ser preservado contra exploração comercial. O clima tem baixas temperaturas e elevada umidade do ar, ambos comuns em ambientes de mata.
O território do Santuário do Caraça integra ainda a Área de Proteção Ambiental ao Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde começam duas grandes bacias hidrográficas, a do rio São Francisco e a do rio Doce. Ambas abastecem aproximadamente 70% da população de Belo Horizonte e 50% da população de sua região metropolitana.
A Biblioteca do Santuário do Caraça está hoje instalada no prédio onde funcionava o célebre colégio local, que abriga também um museu, um arquivo e um centro de convenções
O museu, montado a partir de mobiliário e artefatos diversos de uso diário, pertencentes ao próprio Caraça e conta com algumas peças remanescentes de séculos passados. O local é muito procurado pelos hóspedes e visitantes, que podem fazer percursos guiados pelos monitores ou por conta própria.
O Santuário do Caraça é a primeira igreja neogótica do Brasil, construída sem mão-de-obra escrava e com material regional. Na obra foram usadas pedra-sabão (retirada de perto da Cascatona), mármore (das proximidades de Mariana e Itabirito, Gandarela) e quartzito (da região do Caraça e vizinhanças), unidas com produtos com base de cal, pó de pedra e óleo.
Obedecendo ao decreto municipal 94/2020, da Prefeitura de Catas Altas, o Santuário do Caraça não está recebendo, neste momento, quem pertence ao grupo de risco do novo coronavírus, como maiores de 60 anos, hipertensos, diabéticos, gestantes e imunodeprimidos ou portadores de doenças crônicas.
Para os que estão liberados para a visita, é importante seguir algumas orientações repassadas ao turista na entrada com complexo:
Conhecida pela boa gastronomia, pelo povo simpático e pela cultura, Minas Gerais reúne inúmeros atrativos para o viajante. O estado do Sudeste é repleto de paisagens verdes deslumbrantes e abriga diversas cidades com casario colonial, igrejas e palácios que ajudam a contar a história do Brasil.
Confira no álbum 55 fotos de Minas Gerais.
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