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Toyota vai pagar 12 salários em PDV

Acordo entre montadora e sindicato garante, ainda, ajuda a quem se mudar para Sorocaba e estabilidade de um ano

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
28/09/2020 | 22:54
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A Toyota e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC chegaram a acordo sobre o PDV (Programa de Demissão Voluntária) para o setor administrativo e a transferência de funcionários de São Bernardo para Sorocaba, no Interior. Com a saída dos escritórios da cidade, 490 trabalhadores devem ser transferidos e o plano é que 120 optem pela demissão. Hoje, há 1.700 colaboradores no Grande ABC.

A proposta, aprovada ontem em assembleia pelos operários, contempla o pagamento de 12 salários adicionais e a manutenção do plano de saúde por um ano para quem optar pelo desligamento. Além do setor administrativo, os aposentados também vão poder aderir.

Quem aceitar trabalhar em Sorocaba receberá mais dois salários no mês da transferência. E aqueles que se mudarem para a cidade terão outros 2,4 adicionais, além de poder contar com ajuda de custo para a mudança. Já aos que preferirem manter domicílio na região será oferecido transporte fretado por dois anos. A negociação garante um ano de estabilidade a todos os transferidos.

A mudança da sede administrativa – que veio para o Grande ABC em 2015 – e do centro tecnológico da Toyota de São Bernardo para Sorocaba foi anunciada no dia 18. A empresa afirmou que há planejamento para tornar a montadora da região mais enxuta e competitiva. O processo será iniciado em janeiro de 2021 e deverá ser concluído até o meio do ano que vem.

A fábrica da região, que produz motores e componentes, continua funcionando normalmente. Conforme o diretor administrativo do sindicato Wellington Messias Damasceno, a entidade planeja discutir o futuro da produção após a finalização do processo de mudança e PDV, o que deve ocorrer em quatro meses. “Queremos aumentar e diversificar a capacidade de produção da unidade, principalmente a parte de reposição e conjuntos. A empresa garantiu que a fábrica fica, até porque ela é rentável, já que é grande exportadora também. Nossa briga agora é para aumentar a capacidade da fábrica.” Mesa conjunta deve ser criada para discutir e viabilizar novos itens para a planta.

O presidente do Sindicato dos Wagner Santana, o Wagnão, afirmou que a notícia da transferência das atividades corporativas da Toyota foi recebida com perplexidade. Ele destacou que houve também uma redução no número de transferidos e na meta de redução do efetivo. “A empresa pretendia transferir 600 trabalhadores e conseguimos reduzir para 490. Dos 300 que a fábrica pretendia tirar, negociamos para que a meta seja de 120”, afirmou.

Para Wagnão, o momento atual trouxe dificuldades para a negociação. “Diferente do que vivemos em 2015, por exemplo, quando os investimentos do Inovar Auto tornaram possível a ampliação da planta da Toyota e a construção do Centro de desenvolvimento, hoje não há qualquer ação dos governos em defesa da indústria e dos empregos”, disse.

Damasceno afirmou que mesmo com a permanência da fábrica em São Bernardo, há uma grande perda para o Grande ABC. “Há um deslocamento da inteligência”, afirmou, continuando que apesar do Rota 2030, não há política que obrigue a manutenção dos centros tecnológicos pelas empresas, já que esse desenvolvimento pode ser feito via universidade ou instituto técnico. “Somado a conjuntura de pandemia, as condições não são favoráveis.”

Questionada, a Toyota confirmou as informações do sindicato. 




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