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Camada anti-incêndio do WTC estava com problemas
Do Diário OnLine
03/09/2002 | 12:15
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O empreiteiro de Long Island responsável pela aplicação de uma proteção anti-incêndio sobre o aço utilizado na construção do World Trade Center era um mafioso conhecido do FBI.

Hyman Brown, engenheiro de estruturas que supervisionou grande parte da construção do World Trade Center, a partir da década de 70, disse que trabalhou em obras em Nova York e Las Vegas, com famílias mafiosas, e que não se preocupava com o trabalho dessas famílias.

"Segundo a minha experiência, eles fazem um trabalho melhor do que o da maioria dos empreiteiros", diz Brown, que atualmente é professor de engenharia civil da Universidade do Colorado, a USA Today.

Mas durante uma audiência pública em Nova York, neste verão, o arquiteto Roger Morse, que inspecionou a cobertura anti-incêndio do World Trade Center, até junho de 2000, criticou o trabalho de DiBono, responsável pela cobertura anti-incêncio. Ele disse a uma comissão de investigadores do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) que o trabalho de aplicação do produto anti-incêndio no World Trade Center foi insuficiente ou não existente.

Morse diz que caso a película anti-incêndio tivesse sido aplicada de maneira correta, as torres poderiam ter suportado algum tempo mais e poderia ter feito diferença na evacuação dos prédios.

Um relatório sobre a performance do edifício, terminado em meados do primeiro semestre deste ano pela Agência Federal de Gerenciamento de Emergência (Fema), afirmou que a cobertura anti-incêndio tinha cerca de dois centímetros de espessura na torre sul, que caiu 56 minutos após o impacto, e algo entre 2,5 cm a 3,8 cm na torre norte, que demorou 105 minutos para desmoronar.

O engenheiro Gene Corley, de Chicago, liderou a investigação da Fema e disse acreditar que a cobertura de proteção contra o fogo se saiu tão bem quanto seria de se esperar sob tais circunstâncias. "A evidência indica que havia certos locais em que a aplicação do produto era precária", disse ele a a USA Today. "Mas, até onde sei, esses locais foram assinalados e consertados".

Todos os problemas citados ficavam nos andares abaixo dos impactos das aeronaves, diz Corley, baseando-se nas informações de Morse.

Mas Morse disse que a proteção nunca teria sido aplicada acima do 38º andar da área de escritórios das torres, e do 78º andar dos poços dos elevadores. A zona de impacto na torres sul foi entre o 78º e o 84º andar. E, baseado em tudo o que Morse presenciou, o trabalho de DiBono estava incompleto.

A fim de comprovar a má qualidade do trabalho de DiBono, Morse levou várias fotos ao encontro da NIST, em junho. Em uma sala de conferências lotada, no New York Marriott, ele exibiu vagarosamente as evidências. A proteção anti-incêndio estava defeituosa ou ausente nas conexões entre as paredes e nas colunas principais e secundárias que sustentavam os andares.

O contrato inicial, de 24 de março de 1969, previa que DiBono recebesse US$ 1,7 milhão por materiais e mão-de-obra relacionada com a aplicação da cobertura contra fogo nas torres gêmeas. Nos anos seguintes, vários contratos foram feitos, a preços mais elevados, para retocar a película anti-incêndio danificada pelo trabalho de construção.

DiBono também aplicou a camada protetora no edifício Northeast Plaza do World Trade Center. Embora nenhum jato tenha atingido o prédio de escritórios de nove andares no dia 11 de setembro, ele foi atingido por destroços, se incendiou e a sua estrutura de metal se enfraqueceu com o calor. Vários andares desmoronaram no dia seguinte.




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