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Estoque cresce e indústria fica alerta
01/08/2008 | 07:28
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O resultado da Sondagem Industrial relativa ao segundo trimestre de 2008, divulgada na última quinta-feira pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), revela que as grandes empresas voltaram a registrar estoques acima do planejado. Para o chefe da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, esse é o primeiro sinal de alerta: significa que as expectativas de venda não se concretizaram.

"Isso já pode traduzir processo de arrefecimento no crescimento da economia, o que pode fazer as empresas reduzirem a produção para voltarem aos estoques desejados", avaliou Fonseca.

Para o economista da CNI, o crescimento dos estoques pode ser reflexo do aumento da inflação. Segundo ele, as indústrias podem não estar conseguindo repassar para os preços o aumento da matéria-prima. As grandes empresas tinham conseguido ajustar seus estoques no final de 2007 e eles apresentaram elevação no segundo trimestre de 2008. Fonseca disse que o movimento de elevação dos estoques ainda é tímido e, por isso, é cedo para prever se será mantido.

O estudo revela que o alto custo da matéria-prima ganhou importância entre os principais problemas da indústria. Esse item já é o terceiro maior ‘gargalo'. No caso das pequenas e médias empresas, o preço da matéria-prima fica atrás da alta carga tributária e da competição acirrada de mercado. Nas grandes, os dois maiores problemas são a carga tributária e a taxa de câmbio.

A pesquisa destaca que o setor industrial tem tido mais dificuldades de acesso ao crédito. Fonseca comentou que a sondagem divulga é a primeira após o início do aperto da política monetária, mas ainda não capta os efeitos do Copom (Comitê de Política Monetária), que aumentou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para 13% ao ano. "Pode estar havendo uma contração da liquidez por causa do aperto da política monetária", disse Fonseca.

A Sondagem mostra que os industriais ainda estão otimistas com o mercado doméstico e continuam pessimistas em relação ao comércio internacional. E que esperam queda nas exportações nos próximos seis meses.

Segundo Fonseca, a taxa de câmbio explica a deterioração das expectativas, porque elimina a competitividade de alguns setores em relação aos produtores estrangeiros. Os setores que esperam queda nas vendas externas são: têxteis, vestuário, couros, calçados, madeira, móveis e veículos automotores, segundo o estudo.




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