Política Titulo Ressabiado
Caso Semasa vai adiar
decisão do PSDB estadual

Expectativa era de que a batida de martelo sairia na segunda,
porém a executiva paulista analisa risco em firmar a parceria

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
12/05/2012 | 07:48
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O PSDB estadual adiou a definição sobre o pedido do diretório municipal de Santo André para referendar a aliança com o prefeito Aidan Ravin (PTB) na eleição de outubro. A expectativa era de que a batida de martelo sairia na segunda-feira. Mas, a executiva paulista analisa o risco em firmar a parceria num momento delicado das investigações do Caso Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), que apura suposta corrupção na liberação de licenças ambientais.

No mínimo, a data se estenderia para a segunda-feira seguinte, dia 21, quando ocorrerá reunião ordinária semanal de discussões da executiva. O presidente do diretório estadual, Pedro Tobias, estará no começo da semana que vem em seu reduto eleitoral: Bauru. O deputado acompanhará o secretário de Estado da Educação, Herman Voowald, que cumprirá extensa agenda com lideranças políticas e educadores de 75 municípios.

Frente aos desdobramentos da apuração, nos bastidores, é cogitada a existência de elementos probatórios, como vídeos e áudios referentes ao eventual sistema de extorsão sobre empresários que procuravam a autarquia para conseguir o documento. As provas, já suscitadas pelo advogado Calixto Antônio Júnior, acusado de ser integrante do esquema, mostrariam interlocutores da administração sendo informados da fila de processos, passo usado para cobrar o pedágio.

Paralelamente, o tucanato de São Paulo executa na cidade pesquisa de intenção de voto. Mesmo com chances mínimas, por conta do cenário eleitoral, a pré-candidatura do PSDB ao Paço não está totalmente descartada pelo diretório. O levantamento não seria o fator único para determinar o acordo com Aidan, porém, será utilizado para embasar o rumo local. Duas referências nortearão a percepção da estadual sobre a união: a viabilidade eleitoral do pré-candidato Paulinho Serra e o índice de rejeição do governo petebista.

Teria grande peso o fato de a rejeição de Aidan ultrapassar o patamar de 40%. Se o estudo atingir esse número, aliado ao dado relacionado à aprovação da pré-candidatura própria tucana - entre 12% a 15% de perspectiva de voto - daria condições para repensar a negociação com o prefeito.

Outro quadro firmemente cortejado figura-se na aliança pela prefeitura de São Paulo. O ex-governador e pré-candidato tucano, José Serra, tenta efetivar coligação com o PTB, por intermédio do dirigente estadual Campos Machado, apesar do pleito próprio petebista com Luiz Flávio Borges D'Urso. O impasse nas tratativas serviria para o tucanato ganhar tempo em Santo André.

Em contrapartida, a estadual tem a prerrogativa legal de alterar a decisão da convenção até 7 de agosto, dois meses antes da eleição.

 

Depoimento de diretor dá crédito às declarações de Calixto, diz delegado

O diretor financeiro do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), Nelson de Freitas, ratificou à Polícia Civil que recebeu ordens do assessor de Gabinete, Antônio Feijó, para que o advogado Calixto Antônio Júnior operasse dentro da autarquia por determinação do prefeito Aidan Ravin (PTB). Segundo o delegado Gilmar Camargo Bessa, que preside o inquérito criminal, o depoimento dá credibilidade às declarações do advogado, acusado de ser integrante do suposto esquema de propina na liberação de licenças ambientais.

Mais do que isso, o delegado analisa que dentro do conjunto probatório - reunião de documentos e depoimentos do inquérito - a oitiva deu força ao objeto da investigação, oriunda de denúncia feita pelo então diretor de Gestão Ambiental do Semasa Roberto Tokuzumi de suposto sistema de extorsão na autarquia.

Antecipando-se à oitiva agendada para segunda-feira, Freitas se eximiu, anteontem, de culpa pela atuação de Calixto no Semasa. Ele garantiu que elaborou o documento interno, em 8 de novembro, oficializando o ingresso do advogado para se preservar de problemas jurídicos. No depoimento, o diretor relatou que o indício da ciência da superintendência pode ser percebida pelo fato de, depois do fatídico informe anexado ao processo administrativo, não se produziu outro comunicado interno. Em miúdos, não havia necessidade de outros informes por telefone, pois tinha alguém (Calixto) de confiança do prefeito atuando no contingenciamento.

Antes do contato de Feijó, conforme depoimento de Freitas, o próprio Aidan fazia ligações constantes para deliberar pagamentos da autarquia. Primeiro, autorização de pagamentos até R$ 10 mil. Em seguida, de R$ 30 mil. Depois, colocou a cargo do adjunto de finanças acompanhar a quitação de fornecedores, como R$ 4,4 milhões à empresa Peralta Ambiental. Sobre a liberação desse repasse anormal, segundo o delegado, o diretor não sou explicar o motivo.

As circunstâncias, de acordo com o depoente, são indícios de que a determinação veio do primeiro andar da Prefeitura, onde fica o gabinete de Aidan. Freitas atestou que o superintendente, Ângelo Pavin, mandou cumprir as ordens superiores. Feijó será convocado a prestar esclarecimento na próxima semana.

Por nota, o assessor nega que tenha feito qualquer contato telefônico com Freitas. Também afirma que nunca recebeu nenhuma orientação de Aidan para tratar do assunto com funcionário da autarquia.

 

Ligação coloca Feijó na berlinda do DEM, sigla que preside

O eventual envolvimento do assessor de Gabinete do prefeito Aidan Ravin (PTB), Antônio Feijó, na indicação do advogado Calixto Antônio Júnior dentro do Semasa o coloca na berlinda do DEM, partido ao qual preside no âmbito municipal. A bancada da legenda na Câmara, composta por três vereadores, cobra esclarecimentos relacionados à ligação telefônica que teria ordenado a atuação do advogado, acusado de participação no suposto esquema na autarquia.

Ligado ao grupo de sustentação, os vereadores Evilásio Santana, o Bahia, e Toninho de Jesus solicitam reunião com o dirigente e o prefeito em caráter de urgência para tratar da situação. "Chamamos essa audiência para fazer acareação detalhada do que vem sendo ventilado nas investigações", disse Bahia. "Queremos esse encontro. Depois disso, pensaremos numa possível ação de punição (a Feijó), caso seja necessária."

O vereador Luiz Carlos Pinheiro, o Pinheirinho, por sua vez, afirma que, se confirmada a ligação, pedirá a expulsão de Feijó junto à estadual pela fragilidade da situação. "Estudamos pedir a destituição da comissão provisória. O partido não pode se reprimir."

Feijó está convocado para depor segunda-feira na CPI. Procurado, ele não foi localizado para comentar o assunto.




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