A revista americana Time publicou neste domingo detalhes das torturas sofridas por presos em Guantánamo. Anotações do saudita Mohammed el-Qahtani revelaram diversas humilhações praticadas pelo exército americano.

Segundo os relatos, Qatani foi submetido a longas jornadas sem dormir, despertado com água fria e músicas da cantora Christina Aguilera. Além disso, o soldado era obrigado a se manter em pé e escutar o hino nacional, tendo a cabeça e a barba raspadas.

"Ele era obrigado a latir como um cão e grunhir enquanto lhe mostravam fotos de terroristas", revela o caderno, uma espécie de diário sobre as ações em Guantánamo.

Qahtani era freqüentemente despertado de madrugada e interrogado até a meia-noite, sendo impedido de orar, afirmou a Time.

Finalmente, Qahtani admitiu que pertencia à rede terrorista Al Qaeda e se ofereceu para atuar como agente duplo em troca da liberdade. Cinco dias depois, as técnicas de interrogatório autorizadas em 2002 por Donald Rumsfeld, Secretário de Defesa dos Estados Unidos, foram revogadas.

O Pentágono reagiu à denúncia afirmando que as técnicas de interrogatório empregadas em Guantánamo seguiam "um plano muito detalhado" e que a prevenção de ataques terroristas justificava os meios. Em seu comunicado, o Pentágono não nega as acusações e basicamente confirma a autenticidade do que chama de "técnicas de interrogatório aprovadas e monitoradas".

"O interrogatório a El-Qahtani foi guiado por um plano muito detalhado e conduzido por profissionais treinados que buscavam informações de inteligência para prevenir ataques aos EUA".

Na prisão da base naval americana de Guantánamo, aberta em 11 de janeiro de 2002, estão 520 presos de várias nacionalidades, muitos capturados no Afeganistão em 2001 e considerados talibãs ou membros da rede terrorista Al Qaeda.

O vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, disse que o governo não tem "planos para fechar" o centro de detenção de Guantánamo, apesar das denúncias.