O Sindipeças (Sindicato Nacional das Indústrias de Peças e Componentes Automotores) lançou ontem um manifesto público, em que protesta contra aumentos nos preços do aço, da ordem de 13%, efetuados pelas siderúrgicas brasileiras neste mês e que podem gerar demissões e quebra de empresas do setor automotivo, de acordo com a entidade.
Segundo membro do conselho de administração do Sindipeças, Mário Milani, a participação do aço nos custos de produção, na média, gira em 50%. Com isso, o impacto é de 6,5% de elevação de custos. "Se não conseguirmos repassar essa alta, isso representa acabar com o setor", assinala.
O Diário contatou siderúrgicas, que preferiram não se manifestar sobre as majorações de preços. No entanto, segundo o Sindipeças, a alegação para as altas é que as produtoras de aço estão recompondo os preços, depois de oferecerem descontos no começo do ano.
Milani cita, no entanto, que no ano passado, o insumo já subiu cerca de 30%. Além da alta da matéria-prima, nos últimos cinco anos, houve o impacto de reajustes salariais 18% acima da inflação, que não teriam sido repassados aos preços dos produtos fornecidos para as montadoras.
No comunicado, a entidade afirma que é injusto que a matéria-prima tenha alíquota de importação de 15%, enquanto as autopeças de outros países tenham tarifa de importação de 10%. "O Brasil é o único país do mundo em que a matéria-prima é protegida por alíquota superior à do produto industrializado que a utiliza."
DISSÍDIO - Para Milani, o aumento do aço vem na pior hora possível, quando é negociado o dissídio. "A maioria das empresas do setor (de autopeças) não tem mais margens de lucro".
O segmento sofre ainda com retração de 20% no faturamento do ano e com saldo comercial negativo (importações superiores às exportações) de US$ 1 bilhão.
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