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Sucesso em S.Bernardo; fracasso fora
Giba Bergamim Jr.
Do Diário do Grande ABC
04/11/2004 | 10:21
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A equipe que garantiu a reeleição do prefeito de São Bernardo, William Dib (PSB), foi o melhor exemplo de sucesso na campanha eleitoral de 2004 no Grande ABC, no primeiro turno. A prova foi a vitória nas urnas, com 77% dos votos, contra o petista Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho. Mas a mesma força-tarefa que integrou o exército de Dib amargou derrotas no último domingo, quando José Augusto da Silva Ramos (PSDB), em Diadema, e Newton Brandão (PSDB), em Santo André, viram seus sonhos de voltar ao poder nas respectivas cidades se dissiparem.

O deputado estadual Orlando Morando (PL), um dos coordenadores de campanha de Dib, Ademir Silvestre, o vereador de São Bernardo Edinho Montemor (PSB), além do provável secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo, Fernando Longo, foram enviados às cidades vizinhas para alavancarem as respectivas campanhas e conseguirem a vitória sobre os petistas. Eles colocaram a estrutura e a estratégia de campanha - caminhões de som, palcos, jornais e panfletos - usadas em São Bernardo para reforçar o trabalho de busca de votos. Também organizaram jantares de apoio com empresários e ainda intermediaram a vinda do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e de secretários de Estado à região. Tudo para "expulsar a massa vermelha (PT) do Grande ABC". "Ganhamos um reforço de peso", disse o candidato a vice de José Augusto, Manoel José da Silva, o Adelson, no início da campanha no segundo turno.

Mas na noite do último dia 31 uma questão imperava: "Por quê?". A pergunta era feita por militantes tucanos boquiabertos, ainda incrédulos da vitória de José de Filippi (PT) em Diadema. Uma diferença de 554 votos em favor do petista surpreendeu um candidato que venceu o primeiro turno com quase 10 mil votos de diferença e que esperava ganhar a segunda etapa com 30 mil votos a mais.

Orlando Morando não fala em derrota. "Faz parte da democracia", disse em relação a Diadema e Santo André. Mas o liberal credita a inesperada vitória do PT na cidade à abstenção. "Muitos eleitores, certos da vitória de José Augusto, saíram da cidade no feriado pensando: 'O meu voto não fará diferença'", disse.

Comparando-se o número de abstenções no primeiro e no segundo turnos na cidade e levando-se em consideração a pequena diferença de votos (0,24%) entre os candidatos, a declaração faz sentido. No primeiro turno, dos 276.142 eleitores de Diadema, 240.240 (87%) compareceram às urnas. No segundo, foram 7.537 eleitores a menos, ou seja, 232.703 (84,27%).

"Tenho 51 anos e faço política há 30. Nunca vi isso na minha vida. O povo teve um comportamento muito receptivo na rua e nossas pesquisas mostravam 16 pontos de diferença até a véspera. Achamos tudo muito estranho", declarou Ademir Silvestre, um dia após a eleição.

Edinho Montemor, que pode assumir uma vaga na Câmara dos Deputados, acredita que o PT venceu por ter a máquina administrativa na mão e também por ter recebido o apoio maciço de ministros. "Da mesma forma que houve força-tarefa nossa, teve do outro lado também. Vieram senadores, deputados federais, vários ministros e eles colocaram um batalhão para fazer boca-de-urna. Além disso, não podemos desprezar o apoio de Gilson Menezes (ex-prefeito e que ficou em terceiro lugar no primeiro turno) e o fato de Diadema ser uma cidade petista", disse Edinho.

Pró-Brandão - Em Santo André, o grupo tentou reverter a vantagem de 4,1 pontos percentuais que colocava o prefeito João Avamileno (PT) na frente do tucano Newton Brandão no primeiro turno. Na última semana de campanha, o prefeito William Dib apareceu num jantar onde Brandão recebeu o apoio de empresários da cidade. Dib pediu votos para o tucano num palanque, ao lado de secretários de Estado. No último dia 31, a vantagem de Avamileno sobre Brandão saltou dos 4,1 para os 6,84 pontos percentuais de diferença e ele foi reeleito.

"Fomos apoiar uma candidatura que estava tentando reverter o cenário. Eles (PT), por terem a máquina na mão, foram mal votados, já que não passaram dos minguados seis ou sete pontos de diferença", teorizou Morando.

O resultado do trabalho da força-tarefa em Mauá não chegou a ser aferido nas urnas, já que a Justiça antecipou a vitória de Leonel Damo (PV) contra o petista Márcio Chaves. Nas últimas pesquisas, porém, a vantagem era de Márcio Chaves.




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