Também no período houve, de acordo com Luís dos Santos, o "Esquerdinha", presidente licenciado do sindicato, uma significativa reduçao do poder aquisitivo dos salários dos trabalhadores. O último reajuste ocorreu em maio de 1998 e estabeleceu um piso de R$ 300,00 para a jornada de 8 horas.
"Estamos reivindicando agora um reajuste de 50% e temos apenas 10% de contraproposta, o que nao aceitaremos", diz Santos. Segundo ele, se o impasse permanecer, "nao haverá outra saída senao a greve". O quadro, de acordo com o sindicalista, torna ainda mais difíceis as condiçoes que cercam o trabalho no corte da cana. O enorme esforço físico e a excessiva exposiçao ao sol fazem com que os trabalhadores enfrentem problemas.
Adílson Aparecido da Silva, 30 anos, consegue tirar um salário mensal de R$ 450,00, maior do que o de seus companheiros, graças à produtividade. Mas está desanimado. Casado e com três filhos, ainda nao conseguiu, após 11 anos no canavial, comprar uma casinha na periferia de Sertaozinho. E lamenta nao ter aproveitado a chance de ter realizado o seu sonho em 1997, "quando o dinheiro dava para isso." Desmotivado, vê o desemprego como soluçao. "Daria para levantar o Fundo de Garantia e tentar a sorte com outra coisa."
"Somos obrigados, pela legislaçao ambiental, a suspender a queimada da cana até 2002, o que nos impoe a necessidade de mecanizarmos a colheita", diz o presidente da Uniao Canavieira do Estado de Sao Paulo (Unica), Joao Carlos de Figueiredo Ferraz. Ele acrescenta, porém, que um pacto pelo emprego, firmado em 1999 com o governo do Estado, que envolveu incentivos para o carro álcool, está retardando a mecanizaçao e assegurando os empregos.
Para Júlio Maria Borges, consultor especializado, o pacto com o governo foi uma grande conquista social, pois a mecanizaçao reduzirá em 80% os empregos no campo. "Esse retardamento dará tempo para que essa mao-de-obra seja realocada."
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